Poder e Governo

Aliados de Bolsonaro apresentam justificativas para violação da tornozeleira eletrônica

Na audiência de custódia, Bolsonaro alegou surto e mencionou 'alucinação' ao explicar ação

Agência O Globo - 23/11/2025
Aliados de Bolsonaro apresentam justificativas para violação da tornozeleira eletrônica
O ex-presidente Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução / Instagram

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro buscam justificativas para a tentativa de violação e queima da tornozeleira eletrônica na madrugada de sábado, poucas horas antes da decretação da prisão preventiva. Questionado durante a audiência de custódia, Bolsonaro afirmou ter passado por um surto, possivelmente relacionado ao uso de medicamentos. Antes mesmo desse depoimento, apoiadores já articulavam explicações para o episódio, afastando a hipótese de tentativa de fuga.

O senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, negou qualquer intenção de fuga ainda no sábado e argumentou que o pai não teria condições físicas de caminhar a distância entre a residência e a entrada do condomínio. Flávio havia convocado uma manifestação para o local na mesma noite, fato que embasou a decisão judicial que resultou na prisão preventiva de Bolsonaro.

“Não consigo imaginar qual seria a possibilidade de meu pai conseguir caminhar, talvez mais de 1 km, até aqui, com uma possível aglomeração que pudesse ocorrer neste local onde já realizamos outras vigílias. Temos esperança de que o povo está conosco”, declarou Flávio Bolsonaro durante ato em apoio ao pai, em frente ao condomínio onde Bolsonaro cumpria prisão domiciliar.

A deputada federal Bia Kicis afirmou acreditar que o ex-presidente suspeitou da existência de uma “escuta” na tornozeleira eletrônica. “Ele começou a ouvir um barulho vindo da tornozeleira. Achou estranho e pensou que pudesse haver uma escuta ali, então tentou abri-la. Ele poderia ter cortado a alça, mas não tentou retirar o equipamento”, relatou. Kicis destacou que Bolsonaro apenas abriu a tampa do aparelho, sem tentar removê-lo.

Em vídeo, a deputada acrescentou que Bolsonaro está sob uso de medicamentos fortes e emocionalmente abalado. Segundo ela, após a troca do equipamento, ele foi dormir, o que indicaria ausência de intenção de fuga.

Para o líder do PL na Câmara, deputado federal Sóstenes Cavalcante, a atitude de Bolsonaro teria sido motivada por uma questão psicossomática. “Um homem no estado em que ele está é digno de compaixão. Por algum motivo psicossomático, ele tentou queimar a tornozeleira”, afirmou Sóstenes durante vigília em frente ao condomínio onde Bolsonaro estava em prisão domiciliar.