Poder e Governo

Apoiadores protestam contra prisão em frente ao condomínio de Bolsonaro no Rio e pedem 'fora' Lula e Moraes

Ministro do STF determinou detenção do ex-presidente após convocação de vigília em Brasília e violação de tornozeleira eletrônica

Agência O Globo - 23/11/2025
Apoiadores protestam contra prisão em frente ao condomínio de Bolsonaro no Rio e pedem 'fora' Lula e Moraes
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro - Foto: Reprodução

Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) realizaram um protesto na manhã deste domingo em frente ao condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, onde reside o ex-presidente. A manifestação ocorre um dia após a determinação de prisão domiciliar por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), motivada por uma convocação de vigília em Brasília e pela violação da tornozeleira eletrônica.

Vestidos com roupas nas cores verde, amarela e azul, os manifestantes exibiram faixas em apoio a Bolsonaro e com críticas ao ministro Alexandre de Moraes, ao presidente Lula (PT) e ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Bandeiras do Brasil foram agitadas às margens da Avenida Lúcio Costa, onde está localizado o condomínio.

Entre as mensagens exibidas, destacavam-se frases como: "Fora Lula e Alckmin. Impeachment Alexandre de Moraes". Outra faixa pedia apoio dos motoristas e a libertação de apoiadores detidos sob acusação de envolvimento em tentativa de golpe de Estado, em janeiro de 2023: "Buzine. Libertação dos patriotas presos". Uma terceira faixa afirmava: "Golpe é eleição sem Bolsonaro".

Por volta das 10h, aproximadamente 25 pessoas participavam do protesto. O número aumentou ao longo da manhã, chegando a cerca de 60 manifestantes às 11h30.

Na noite anterior, sábado, uma vigília evangélica convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para rezar pela saúde e liberdade do ex-presidente terminou em tumulto. O evento, que reuniu cerca de cem pessoas em frente à rotatória de acesso ao condomínio, foi interrompido após um homem que se apresentou como pastor discursar em defesa da prisão de Bolsonaro.

Ismael Lopes, de 34 anos, pediu a palavra e foi chamado por Flávio Bolsonaro por volta das 20h15. Ao lado do senador, leu uma passagem bíblica afirmando que "quem cava covas por elas será engolido" e, em seguida, defendeu a condenação de Bolsonaro pelas ações durante a pandemia de Covid-19, que resultaram em mais de 700 mil mortes no país.

Logo após o discurso, Lopes foi perseguido e agredido por apoiadores do ex-presidente. A Polícia Militar interveio utilizando spray de pimenta para dispersar os agressores e escoltou Lopes até um carro de aplicativo. Segundo relato à polícia, ele tinha consciência dos riscos ao se manifestar no local.

Durante a agressão, Lopes foi alvo de socos e pontapés, tendo uma das mangas de sua camisa rasgada. Flávio Bolsonaro pediu que a violência cessasse, mas não foi atendido.

Lopes é integrante da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, grupo que também organiza eventos com a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, em diferentes estados. Apesar de não ser pastor, milita por causas progressistas e de esquerda. Em seu perfil no Facebook, exibe como imagem de capa uma ilustração com os rostos de Karl Marx, Vladimir Lênin, Joseph Stálin e Mao Tsé-Tung.

Morador de Brasília, Lopes afirmou que não agiu em ação coordenada pela Frente, mas avisou lideranças do movimento sobre sua intenção de discursar no evento bolsonarista. Ele também já representou a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito em reunião do Conselho de Participação Social da Presidência da República, em dezembro de 2024.

Após o tumulto, a vigília foi encerrada. Estiveram presentes, além de Flávio e Carlos Bolsonaro, os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Izalci Lucas (PL-DF), e os deputados Hélio Lopes (PL-RJ) e Bia Kicis (PL-DF).