Poder e Governo

Sede da PF amanhece sem movimento após prisão de Bolsonaro

Ex-presidente participa de audiência de custódia neste domingo

Agência O Globo - 23/11/2025
Sede da PF amanhece sem movimento após prisão de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - Foto: © AP Photo / Eraldo Peres

A manhã deste domingo foi marcada pela tranquilidade na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro permanece detido pelo segundo dia consecutivo. Diferentemente do sábado, quando houve intensa movimentação, apenas um pequeno grupo de cinco apoiadores compareceu ao local.

Até as primeiras horas do dia, o único registro de movimentação foi a passagem de um veículo que entregou medicamentos na unidade.

Apesar de algumas buzinas esporádicas de carros e motos, não houve concentração significativa de apoiadores nem manifestações organizadas. Bolsonaro chegou à sede da PF antes das 7h de sábado, após ter a prisão preventiva decretada. Logo após a detenção, o movimento foi mais expressivo, reunindo apoiadores e opositores do ex-presidente.

Hoje, Bolsonaro participará de audiência de custódia às 12h, por videoconferência, diretamente da Superintendência da PF. O procedimento é obrigatório após qualquer prisão — inclusive as decretadas pelo STF — e tem como objetivo verificar se a detenção foi conduzida dentro da legalidade e se os direitos fundamentais do preso foram respeitados. A audiência não discute o mérito da investigação nem revisa a decisão que motivou a prisão preventiva.

Bolsonaro foi preso preventivamente sob a acusação de tentar violar a tornozeleira eletrônica. Em vídeo gravado por uma funcionária do governo do Distrito Federal, que foi ao local após alerta da central de monitoramento, o ex-presidente admitiu ter usado um ferro de solda para tentar abrir o equipamento.

A prisão não está relacionada à condenação de 27 anos e três meses pela participação em trama golpista, processo que ainda não transitou em julgado e segue com prazos abertos para recursos.

Tumulto encerra vigília convocada por Flávio Bolsonaro

Na noite de sábado, a vigília organizada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio onde o ex-presidente estava antes de ser levado à PF terminou em confusão. O evento, que reuniu cerca de cem apoiadores para rezar "pela saúde e pela liberdade" de Bolsonaro, começou por volta das 20h em uma rotatória de acesso à rua do condomínio.

O clima mudou quando Ismael Lopes, de 34 anos, que se apresentou como pastor, pediu para discursar. Chamado ao microfone por Flávio Bolsonaro, Lopes leu uma passagem bíblica afirmando que "quem cava covas por elas será engolido" e, em seguida, defendeu a condenação de Bolsonaro por sua atuação na pandemia de Covid-19, que resultou em 700 mil mortes no país.

A fala gerou revolta entre os presentes. Lopes foi perseguido e agredido por simpatizantes do ex-presidente, recebendo socos e pontapés, e teve a camisa rasgada. A Polícia Militar interveio com spray de pimenta e escoltou o homem até um carro de aplicativo.

Flávio Bolsonaro tentou acalmar os ânimos e pediu que não agredissem o homem, mas não foi atendido. Após o tumulto, os organizadores encerraram o evento. Além de Flávio e de seu irmão Carlos Bolsonaro, participaram os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Izalci Lucas (PL-DF), além dos deputados Hélio Lopes (PL-RJ) e Bia Kicis (PL-DF).