Poder e Governo

Quem é Ismael Lopes, evangélico que defende o comunismo e pediu a prisão de Bolsonaro em vigília

Jovem integra organização que realiza eventos com a primeira-dama Janja e atua em diferentes estados do país

Agência O Globo - 23/11/2025
Quem é Ismael Lopes, evangélico que defende o comunismo e pediu a prisão de Bolsonaro em vigília
Ismael Lopes - Foto: Reprodução / Instagram

A vigília evangélica convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ganhou destaque após o discurso de Ismael Lopes, de 34 anos. Evangélico, com 35 mil seguidores no Instagram e membro do Conselho de Participação Social da Presidência da República, Lopes leu uma passagem bíblica durante o evento, afirmando que "quem cava covas por elas será engolido". Em seguida, pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suas ações durante a pandemia de Covid-19, que resultaram em mais de 700 mil mortes no Brasil.

Lopes é integrante da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, organização responsável por eventos com a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, ao lado de evangélicos em diversos estados. Ele já representou o coletivo em pelo menos uma reunião do Conselho de Participação Social da Presidência, em dezembro de 2024.

Apesar de não ser pastor, Lopes milita por causas progressistas e de esquerda nas redes sociais. Seu perfil no Facebook exibe uma ilustração vermelha com os rostos de Karl Marx, Vladimir Lênin, Joseph Stálin e Mao Tsé-Tung, líderes históricos do comunismo.

Nos vídeos publicados no Instagram, ele aborda temas políticos e sociais. Em agosto, participou de reunião com o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, cuja pasta é responsável pela interlocução entre governo, sociedade civil e movimentos sociais.

Sobre a megaoperação policial no Rio de Janeiro, que deixou 122 mortos nos Complexos da Penha e do Alemão, Lopes classificou o governador Cláudio Castro como "assassino de Cristo".

Em suas postagens, defende que o "amor ao próximo só é possível com o ódio de classe":

"Acreditamos que esse amor, como prática cristã, deve ser direcionado a todas e todos indiscriminadamente. Porém, como é possível amar e coadunar com um sistema que explora o trabalho e rouba a riqueza produzida pela trabalhadora e pelo trabalhador? Deus ama a todos, mas o evangelho é para os pobres (Lucas 4:18) e para os ricos, o arrependimento e o abandono de sua posição de explorador ou a danação, como canta Maria no Magnificat (Lucas 1:46-56)", escreveu Lopes em postagem acompanhada da hashtag "comuna".

Confusão na vigília

Logo após o discurso, Lopes foi perseguido e agredido por simpatizantes de Bolsonaro. A Polícia Militar precisou intervir com spray de pimenta para conter os agressores e escoltou o evangélico até um carro de aplicativo. Aos policiais, Lopes afirmou estar ciente dos riscos e que sua atitude foi consciente.

Durante a confusão, ele recebeu socos, pontapés e teve a manga da camisa social rasgada. Apesar do apelo de Flávio Bolsonaro para que os presentes não agredissem Lopes, o pedido foi ignorado.

Morador de Brasília, Lopes afirma que não agiu em nome da Frente, mas informou lideranças do movimento sobre a intenção de discursar no evento bolsonarista. Para conseguir falar na vigília, apresentou-se como representante de um movimento evangélico presente em 19 estados do país.