Poder e Governo
CPI do Crime Organizado recebe pedidos para ouvir Bukele e líderes de facções
Requerimento para convidar presidente de El Salvador partiu do senador Magno Malta (PL-ES)
Antes mesmo da primeira reunião de trabalho, a CPI do Crime Organizado já acumula mais de 30 requerimentos de senadores para ouvir autoridades nacionais e internacionais, incluindo o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, conhecido por sua política de tolerância zero contra o crime organizado.
O convite para que Bukele venha ao Brasil e fale no Congresso foi apresentado pelo senador Magno Malta (PL-ES). Ao justificar o pedido, o parlamentar destacou que a experiência salvadorenha "constitui um dos mais notáveis e debatidos casos de reversão drástica dos índices de criminalidade no cenário internacional".
"O comparecimento do presidente Nayib Bukele a esta CPI permitirá o intercâmbio de informações sobre métodos, políticas e resultados concretos", afirmou Magno Malta.
O modelo de segurança de El Salvador inclui detenções em massa sem mandado judicial e a ampliação do poder da prisão preventiva.
Em entrevista à GloboNews, no entanto, o relator da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), ponderou que as práticas adotadas por Bukele, marcadas por violações de direitos humanos, seriam inconstitucionais no Brasil.
A política de Bukele envolve o uso intensivo das Forças Armadas, cerco a bairros inteiros e o encarceramento de 1,5% da população — a maior proporção de detentos do mundo, com 1.600 pessoas presas a cada 100 mil habitantes.
O número de homicídios em El Salvador, que chegou ao pico de 103 por 100 mil habitantes em 2015, caiu para 1,9 por 100 mil em 2024. Contudo, a estatística não inclui mortes decorrentes de confrontos entre policiais e suspeitos, nem corpos localizados em valas comuns. O governo de Bukele deixou de divulgar esses dados.
Não é a primeira vez que a direita brasileira busca aproximação com Bukele. Na semana passada, o líder da oposição na Câmara, tenente Zucco (PL-RS), apresentou pedido de missão oficial para El Salvador. A solicitação, protocolada na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO) nesta sexta-feira (31), propõe o envio de uma comitiva de parlamentares ao país, com recursos públicos.
Zucco argumenta que a missão permitirá o estudo de soluções que possam inspirar novas políticas públicas no Brasil.
Outros requerimentos
Além de Bukele, integrantes da CPI do Crime Organizado sugeriram a convocação de governadores, autoridades, especialistas e até lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC). Os pedidos, apresentados por senadores de diferentes espectros políticos, ainda precisam ser pautados e aprovados para terem validade.
A lista de nomes inclui:
Alejandro Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, apontado como interlocutor do PCC com o Comando Vermelho;
Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, considerado braço direito de Marcola;
Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, preso em 2020 em Moçambique, suspeito de comandar o tráfico internacional de drogas da facção.
Entre as autoridades, foram requeridas as presenças de:
Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Abin, para detalhar ações de inteligência no combate ao crime organizado;
Ricardo Saadi, presidente do Coaf, para explicar o rastreamento de movimentações financeiras de facções;
Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, para relatar operações de repressão;
Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, para esclarecer a atuação do governo federal na área de segurança pública.
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