Poder e Governo
Brasil tem três facções nacionais e 31 com potencial de impactar estados inteiros, aponta Abin
Relatórios apresentados à Comissão de Controle das Atividades de Inteligência mostram que modelo do crime organizado do Rio se espalha pelo país
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou que o Brasil abriga três facções criminosas de abrangência nacional e outras 31 capazes de impactar a segurança de pelo menos um estado inteiro. As informações, compiladas em relatórios, foram apresentadas por oficiais do órgão na quarta-feira (12) durante reunião da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional.
O encontro foi convocado para discutir a expansão do crime organizado no país, especialmente após a megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) que resultou em 121 mortes no Rio de Janeiro na semana passada. Segundo a jornalista Malu Gaspar, na mesma reunião, o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio, Daniel Ferreira de Souza, afirmou que a operação teve resultado "ínfimo" em relação à desestruturação do poder da facção.
Além do Comando Vermelho, o Primeiro Comando da Capital (PCC), originário de São Paulo, e o Terceiro Comando Puro (TCP), do Rio, foram listados como facções com capilaridade na maior parte do território nacional.
De acordo com os informes apresentados ao Congresso, a atuação do PCC se expandiu internacionalmente, estando presente em 28 países e com 2.078 integrantes mapeados fora do Brasil. Essa projeção internacional abriu espaço para o avanço interno do CV, que há dez anos predominava em quatro estados e hoje já atua em 20.
Procurada, a Abin informou que não irá se manifestar sobre o tema.
Um oficial da agência relatou aos parlamentares que o Comando Vermelho estabeleceu alianças com grupos rivais ao PCC, o que impulsionou sua expansão. Segundo ele, o CV "oferece uma rede de acesso logístico a armas e drogas, uma cadeia de comando mais descentralizada e esconderijo em comunidades do Rio". O oficial acrescentou que "não há, hoje, confronto de organização criminosa no Brasil que não envolva o Comando Vermelho".
No último ano, agentes detectaram um novo movimento: a ascensão do TCP, atualmente presente em nove estados. Conforme os relatórios da Abin, a facção também ampliou o fornecimento de fuzis e a oferta de refúgio em comunidades cariocas, com o diferencial de resistir ao domínio do Comando Vermelho.
Para a Abin, o Brasil vive o fenômeno da "nacionalização de uma lógica fluminense" — ou seja, o modelo de atuação do crime organizado do Rio de Janeiro se dissemina nacionalmente. Isso teria ocorrido em razão do PCC focar sua expansão para o exterior. Os agentes citaram, inclusive, um comunicado da facção paulista em 2018 convocando membros que falassem espanhol.
Ao final da sessão, os agentes fizeram um alerta sobre o que consideram o "ponto máximo" da expansão das facções criminosas brasileiras. Um oficial afirmou que o crime organizado avança para a "infraestrutura estadual e a ocupação de contratos públicos".
Esse movimento, segundo ele, representa uma nova etapa, em que as facções não lucram apenas com drogas e armas, mas buscam a "maximização da exploração territorial". Isso inclui o controle do acesso à internet, além da venda de gás, combustível e água em galões.
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