Poder e Governo

Lula classifica operação policial no Rio como 'matança' e pede investigação

Em primeira manifestação pública, presidente considera ação policial 'desastrosa' e defende apuração

Agência O Globo - 04/11/2025
Lula classifica operação policial no Rio como 'matança' e pede investigação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: © flickr.com / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, em entrevista a correspondentes internacionais, que a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro na semana passada foi uma “matança” e pediu uma investigação sobre o caso. Batizada de Operação Contenção, a ação envolveu as polícias Militar e Civil do Rio e resultou em 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.

— Houve uma matança e creio que é importante investigar em que condições ocorreu — declarou Lula, segundo a agência AFP. Esta é a primeira manifestação pública do presidente sobre a operação conduzida pelo governo do adversário político Cláudio Castro (PL).

Lula destacou que, até o momento, “só temos a versão do governo estadual, e tem gente que quer saber como tudo aconteceu”.

— O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa — afirmou o presidente, em entrevista concedida em Belém, cidade que sediará a COP30 nas próximas semanas.

Lula acrescentou que o governo federal já está “tentando (fazer) essa investigação”.

— Estamos tentando, inclusive, ver se é possível os legistas da Polícia Federal participarem do processo de investigação das mortes. A decisão do juiz era uma ordem de prisão. Não tinha ordem de matança e houve uma matança. É importante a gente verificar em que condições ela se deu — ressaltou.

No dia da operação, o governador Cláudio Castro chegou a criticar a suposta falta de colaboração do governo federal com as forças de segurança estaduais, mencionando a negativa de pedidos de blindados em três ocasiões. Castro, porém, reconheceu que não pretende solicitar ao governo federal a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), condição necessária para a cessão dos equipamentos.

Na semana passada, Castro e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciaram a criação do Escritório de Combate ao Crime Organizado para “eliminar barreiras” entre os governos estadual e federal. O grupo será coordenado pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Cesar Santos, e pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo. A medida foi anunciada após reunião entre os entes federativos. Além disso, o Estado poderá recrutar peritos criminais da União e ampliar o efetivo da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal no Rio. Também está previsto o fortalecimento das ações de inteligência da Polícia Federal para sufocar o braço financeiro das quadrilhas.