Poder e Governo

Com governo sob pressão, CPI do Crime Organizado se reúne para definir presidente e relator

Disputa entre governistas e oposição marca início dos trabalhos; relatoria deve ficar com Alessandro Vieira (MDB-SE)

Agência O Globo - 04/11/2025
Com governo sob pressão, CPI do Crime Organizado se reúne para definir presidente e relator
- Foto: Reprodução

Sob clima de tensão política, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado iniciou nesta quarta-feira a reunião de instalação para definir sua presidência e relatoria. O colegiado foi criado para investigar a atuação de facções e milícias em todo o país, e a composição do comando reflete a disputa entre governo e oposição.

O Partido dos Trabalhadores (PT) tenta garantir a presidência para o senador Fabiano Contarato (PT-ES), articulando trocas de última hora entre os membros da comissão para alcançar metade dos votos. Já o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), considerado o “fiel da balança” pelos oposicionistas, foi substituído por Angelo Coronel (PSD-BA), o que pode alterar o equilíbrio de forças.

Pela oposição, que inicialmente defendia a candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a aposta passou a ser no senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). O nome de Mourão é visto como menos resistente entre governistas, o que poderia aumentar suas chances de ser eleito para o comando da CPI.

A relatoria deve ser ocupada pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do requerimento de criação da CPI e considerado um parlamentar de centro.

Instalada por autorização do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a comissão terá prazo inicial de 180 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período. Além de Flávio Bolsonaro, integram o grupo nomes como Sergio Moro (União-PR), Magno Malta (PL-ES), Marcos do Val (Podemos-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE), todos críticos ao governo federal.

No Planalto, a avaliação é de que a CPI pode gerar desgaste ainda maior do que a comissão do INSS, instalada em setembro e dominada por parlamentares independentes. Assessores do presidente Lula temem que a pauta da segurança pública seja capturada pela direita, especialmente após a operação policial que resultou em 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro.