O ex-presidente da Bolívia Luis Arce, que deixou o cargo há pouco mais de um mês, foi detido nesta quarta-feira (10), no bairro de Sopocachi, em La Paz, acusado de corrupção.

A prisão foi feita durante uma operação surpresa relacionada ao chamado caso do "Fundo Indígena", uma investigação sobre o suposto desvio de verbas públicas destinadas ao desenvolvimento de comunidades indígenas e camponesas.

Arce deixou o cargo de presidente em 8 de novembro, em meio a pior crise econômica do país em quatro décadas.

O posto passou a ser ocupado por Rodrigo Paz, o primeiro presidente de direita na Bolívia após 20 anos de governos de esquerda.

O jornal boliviano "El Deber" confirmou a prisão, especificando que a ex-ministra da Presidência María Nela Prada a classificou como "arbitrária" e pediu a atenção da comunidade internacional.

"Quero denunciar perante o povo boliviano e a comunidade internacional que, há pouco, o ex-presidente Luis Alberto Arce Catacora foi sequestrado em Sopocachi", declarou a aliada, em vídeo.

Segundo fontes policiais, Arce foi preso por volta das 15h (horário local) da última quarta e transferido sem resistência para as celas da Força Especial de Luta Contra o Crime Organizado na Bolívia (FELCC), onde deverá prestar depoimento.

Os investigadores suspeitam do desvio de grandes somas destinadas a iniciativas para comunidades indígenas - o Fundo de Desenvolvimento Indígena (Fondioc) recebeu 3.197.482.681 bolivianos - nome da moeda local - de 2006 a 2016.

Relatórios oficiais indicam que somente 1.342.418.894 bolivianos foram desembolsados de 2008 a 2014, o que representaria cerca de 42% dos recursos.

De acordo com a investigação, o ex-presidente teria autorizado o repasse dos valores recebidos pela ex-deputada Lidia Patty, do então partido governista Movimento ao Socialismo (MAS), para suas contas pessoais.

O caso de corrupção teria ocorrido na época em que Arce ocupava o cargo de ministro da Economia na administração de Evo Morales.