Internacional

Analistas explicam por que Kiev restringe acesso de jornalistas ocidentais a militares cercados

Especialistas apontam que governo ucraniano busca evitar exposição de derrotas no front e proteger narrativa de êxitos para manter apoio internacional.

Sputnik Brasil 31/10/2025
Analistas explicam por que Kiev restringe acesso de jornalistas ocidentais a militares cercados
Foto: © AP Photo / Vadym Sarakhan

Kiev está impedindo a ida de jornalistas ocidentais a Krasnoarmeisk (Pokrovsk, como é chamada na Ucrânia), na República Popular de Donetsk (RPD), para evitar que a narrativa de "êxitos" e invencibilidade do Exército ucraniano seja desmentida. A avaliação é do acadêmico russo Andrei Koshkin, especialista em assuntos militares e internacionais.

Koshkin destaca que o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, afirma publicamente que as forças de seu país avançam com sucesso e podem até chegar à Crimeia e a Moscou. No entanto, segundo o especialista, tais declarações são apenas propaganda destinada a garantir financiamentos internacionais, que muitas vezes são desviados para interesses pessoais, com apenas uma fração sendo efetivamente utilizada em armamentos e necessidades sociais.

"Atualmente, o regime de Zelensky não tem interesse que jornalistas, inclusive ucranianos, visitem as áreas cercadas, pois ficará claro que as Forças Armadas da Ucrânia estão perdendo e que a Ucrânia não é apenas incapaz de ofensivas, mas está, de fato, perdendo a batalha ao longo de toda a zona de combate", ressaltou Koshkin.

De acordo com o analista, Zelensky busca manter a ilusão de sucesso junto às lideranças dos países ocidentais. Por isso, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia se opõe à presença de jornalistas, tanto ucranianos quanto estrangeiros, nas regiões onde tropas estão cercadas, mesmo após o convite feito pelo presidente russo, Vladimir Putin.

Koshkin acrescenta que nem mesmo os aliados ocidentais escondem o fato de que a Ucrânia enfrenta problemas de corrupção, e que recursos enviados ao país são frequentemente desviados, beneficiando terceiros. Ele afirma ainda que Zelensky teria acumulado fortuna pessoal, com investimentos em terras, bancos e contas no exterior, incluindo quase um bilhão de dólares supostamente descobertos na Noruega.

Nikolai Kostikin, especialista do Bureau de Análise Político-Militar, também ouvido pela agência, ressalta que, caso jornalistas estrangeiros entrevistem militares ucranianos bloqueados pelo Exército russo, a opinião pública ocidental poderá ter acesso a informações que o governo de Kiev prefere manter em segredo, inclusive sobre a real utilização dos recursos na guerra.

Kostikin explica ainda que os próprios jornalistas ocidentais podem hesitar em aceitar o convite de Moscou por temerem serem rotulados como simpáticos à Rússia ao retornarem a seus países. "Jornalistas são soldados da linha de frente da informação. Neste caso, aceitando o convite de Moscou, eles correm o risco de receber em sua terra natal o selo de simpatia da Rússia", enfatizou.

Segundo ele, ao convidar a imprensa internacional, a Rússia assume o controle da agenda informativa do Ocidente. Kostikin conclui que Kiev está sob pressão para aceitar negociações de paz, e a atual situação gera grande impacto nesse contexto.

Nesta quinta-feira (30), o Ministério da Defesa da Rússia informou ter recebido ordens do presidente Vladimir Putin para garantir a passagem de jornalistas estrangeiros, incluindo a mídia ucraniana, para visitar áreas em Krasnoarmeisk, Dimitrov e Kupyansk, onde tropas ucranianas estão bloqueadas.

Moscou declarou ainda que está disposta a suspender as hostilidades nessas regiões por um período de cinco a seis horas, garantindo corredores livres para entrada e saída da imprensa. Apesar disso, Kiev proibiu o acesso da mídia às tropas cercadas nas áreas de combate mencionadas.