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Hamas divulga vídeo de refém em Gaza um dia após sua morte ter sido confirmada pelas autoridades israelenses

Eden Yerushalmi, de 24 anos, cuja morte provocou protestos, aparece com olheiras profundas e diz sentir saudades da família; não há indícios de quando a gravação foi feita

Agência O Globo - GLOBO 03/09/2024
Hamas divulga vídeo de refém em Gaza um dia após sua morte ter sido confirmada pelas autoridades israelenses

O Hamas divulgou na segunda-feira um vídeo em que aparece a refém Eden Yerushalmi, de 24 anos, cujo corpo foi recuperado pelo Exército israelense no último fim de semana. Divulgado um dia após a confirmação da morte da jovem pelas autoridades israelenses, o vídeo dura aproximadamente 2 minutos e não há indícios de quando e onde foi gravado. Nele, Yerushalmi aparece sentada, com um fundo branco atrás e manda uma mensagem à família.

— Pai, mãe, minhas irmãs Shani e May, sinto saudades de vocês. Amo vocês e sinto muitas saudades de todos vocês — disse a jovem em hebraico, com olheiras profundas e o cabelo solto.

Grupos de direitos humanos e especialistas de direito internacional afirmam que vídeos de reféns, por definição, são feitos sob coação e que as declarações são geralmente forçadas. As autoridades israelenses classificam os vídeos como "guerra psicológica", e especialistas sugerem que sua produção pode constituir um crime de guerra.

Descrita como "amigável" e uma "jovem vibrante" por familiares e o Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecido, Yerushalmi era moradora de Tel Aviv, capital de Israel. Ela foi sequestrada durante o festival de música eletrônica Nova enquanto trabalhava como bartender. No evento, 370 pessoas foram mortas e pelo menos 44, sequestradas. A jovem chegou a pedir ajuda à polícia, afirmando estar escondida em arbustos. "Há tiros", descreveu Yerusalmi, dizendo depois que os combatentes podiam vê-la e estavam atirando na sua direção: "Estou morrendo. É isso, vou morrer".

Seus restos mortais foram repatriados junto com os de outros cinco reféns — Carmel Gat, Hersh Goldberg-Polin, Alexander Lobanov, Almog Sarusi e Ori Danino —, apenas duas semanas após outros seis reféns terem sido recuperados nas mesmas condições. A notícia provocou uma onda de protestos no domingo e a organização de uma greve geral por uma central sindical na segunda-feira.

Segundo as Forças Armadas de Israel, os seis reféns foram "brutalmente assassinados" pelos combatentes do Hamas em seu cativeiro. O Ministério da Saúde disse no domingo que o assassinato dos seis reféns ocorreu entre quinta-feira e sexta-feira de manhã, à queima roupa, pouco antes dos militares chegarem. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, durante entrevista coletiva convocada para segunda-feira, disse que os cativos teriam sido atingidos com um "tiro na nuca".

O premier, que é pressionado internamente pela população e pela comunidade internacional para que assine um acordo de cessar-fogo que permita a libertação dos cativos ainda vivos em Gaza (evitando, portanto, o mesmo fim dos seis corpos repatriados), pediu perdão em público pela primeira vez aos familiares das vítimas "por não termos conseguido trazê-los de volta vivos".

Segundo a proposta que tem sido debatida nas últimas semanas, Yersushalmi, assim como Goldberg-Polin, que é cidadão americano-israelense, e Gat deveriam ser libertados na primeira fase. Uma fonte israelense, citada pelo jornal Haaretz, afirma que os três apareciam "nas listas enviadas no início de julho" e que "poderiam ter sido trazidos de volta vivos". Apesar das mediações de Catar, EUA e Egito, o acordo tem avançado pouco devido à insistência de Netanyahu para manter o controle do Corredor Philadelphi, o que é inaceitável na visão do Hamas.

— Estivemos muito perto, mas não conseguimos — declarou o premier, prometendo uma "forte reação" contra o Hamas.

Até segunda-feira, dos 251 reféns e corpos levados para Gaza durante o ataque terrorista do Hamas, 64 seguem em cativeiro e supostamente vivos. Na segunda-feira, poucas horas após a coletiva de Netanyahu, o porta-voz das Brigadas al-Qassam, o braço armado do grupo, afirmou que os reféns mantidos em Gaza voltarão "em caixões" se Israel mantiver sua pressão militar.