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Saiba quem são os seis reféns de Israel cujas mortes estimulam greve geral e protestos no país

Manifestantes pressionam governo por acordo para libertar sequestrados em Gaza para evitar que tenham o mesmo destino de outros reféns

Agência O Globo - GLOBO 02/09/2024
Saiba quem são os seis reféns de Israel cujas mortes estimulam greve geral e protestos no país

Dias após os corpos de seis reféns terem sido recuperados em uma operação no sul da Faixa de Gaza, os israelenses voltaram a experimentar o luto e prestar homenagens a outros seis reféns, também encontrados no extremo sul de Gaza, no domingo. Os cativos foram identificados pelo Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos, grupo que representa os familiares dos sequestrados e levados para Gaza durante o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, como Carmel Gat, Eden Yerushalmi, Hersh Goldberg-Polin, Alexander Lobanov, Almog Sarusi e Ori Danino.

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Os reféns, que o Exército israelense disse terem sido "brutalmente assassinados" pelo Hamas, tinham idades entre 23 e 40 anos. Cinco deles estavam no festival de música eletrônica Supernova no sul de Israel quando foram sequestrados durante o ataque terrorista. Um sexto refém foi levado do kibutz de Be'eri.

A recuperação dos corpos levou dezenas de milhares de israelenses às ruas e uma greve geral foi organizada pela principal central sindical do Estado judeu, a Histadrut, para pressionar o governo por um acordo de cessar-fogo que permita a libertação dos cativos que ainda permanecem no enclave. E não basta apenas repatriá-los: "Os queremos de volta vivos, e não em caixões!", gritaram os manifestantes na cidade de Rehovot, no centro de Israel, no domingo.

Para além dos quase 1,2 mil mortos durante o ataque do Hamas, outras 251 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza. Estimativas do Exército israelense apontam que 97 reféns continuam retidos em Gaza, 33 deles mortos. Veja o que se sabe sobre os seis reféns cujas mortes cujas mortes foram confirmadas no domingo:

Hersh Goldberg-Polin, 23 anos

Goldberg-Polin era um cidadão americano com dupla nacionalidade israelense que foi feito refém no festival de música eletrônica no sul de Israel em 7 de outubro. Sua mãe, Rachel Goldberg, viajou pelo mundo desde então, defendendo a libertação dos reféns.

— Hersh é uma pessoa alegre, descontraída, bem-humorada, respeitosa e curiosa — disse ela no mês passado, quando discursou na Convenção Nacional Democrata com seu marido, Jon Polin. — Ele é um civil. Ele adora futebol, é louco por música e festivais de música, e é obcecado por geografia e viagens desde pequeno.

Goldberg-Polin nasceu em Berkeley, Califórnia. Sua família se mudou para Israel quando ele estava na escola primária. Gravemente ferido durante o ataque, Goldberg-Polin perdeu parte de seu braço esquerdo e foi visto pela última vez em um vídeo publicado pelo Hamas em abril.

O presidente Joe Biden estava entre os que expressaram suas condolências à família de Goldberg-Polin. "Estou arrasado e indignado", disse Biden em um comunicado, acrescentando: 'Ele planejava viajar pelo mundo'".

Carmel Gat, 40 anos

Gat morava em Tel Aviv, capital de Israel, mas estava hospedada na casa de seus pais em Be'eri, um kibutz próximo à fronteira com Gaza, quando foi feita refém em 7 de outubro. Sua mãe, Kinneret, foi morta nos ataques.

"Carmel era uma terapeuta ocupacional, cheia de compaixão e amor, sempre encontrando maneiras de apoiar e ajudar os outros", escreveu o fórum em um post na rede social X. "Ela adorava viajar sozinha, conhecer novas pessoas, concertos de rock ao vivo e gostava particularmente de Radiohead."

O Haaretz publicou um perfil de Gat em janeiro que dizia que seus amigos mais próximos estavam realizando aulas regulares de ioga em sua homenagem em Tel Aviv, no local que ficou conhecido como "Hostage Square". Eles também criaram uma lista de reprodução no Spotify com suas músicas favoritas, informou o Haaretz, chamando-a de "uma mistura bem-humorada e eclética".

— Lembro da gente voltando para o kibutz nos fins de semana, colocando música e dançando — disse Adi Zohar, um colega de classe, à agência de notícias. — Ela é assim. Fazia das coisas uma festa. Fazendo tudo com calma.

No domingo, o primo Gil Dickmann postou uma foto no X de uma jovem Gat, vestindo uma camisa rosa e segurando um bebê pequeno, sorrindo para a câmera. "Desculpe, Carmeli", escreveu ele, acrescentando: "Se você visse como seus amigos lutaram para trazê-la de volta com vida".

Alexander Lobanov, 32 anos

Lobanov, conhecido como Alex, morava na cidade de Ashqelon, no sul de Israel, de acordo com o fórum. O grupo disse que Lobanov estava trabalhando como gerente de bar no festival quando o ataque começou, e testemunhas disseram que Lobanov ajudou a deslocar as pessoas.

Ele e sua esposa, Michal, tinham dois filhos: Tom, de 2 anos, e Kai, de 5 meses, que nasceu quando Lobanov estava em cativeiro em Gaza, informou o Haaretz. Lobanov também tinha cidadania russa, de acordo com o embaixador da Rússia em Israel, Anatoly Viktorov.

"Estamos de luto junto com toda a família", disse ele em um comunicado.

Ori Danino, 25 anos

Ori Danino era de Jerusalém e estava planejando estudar engenharia elétrica, informou o Haaretz. O mais velho de cinco filhos, Danino havia escapado do festival de música, mas tinha voltado para ajudar outras pessoas quando foi capturado, escreveu o Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos no X.

— Ele era um lutador — disse sua companheira, Liel Avraham, na rádio israelense, após saber de sua morte, informou o The Jerusalem Post no domingo. Avraham o classificou como um "herói" que "se destacava em tudo o que fazia".

Avraham havia postado sobre Danino nas redes sociais durante seu cativeiro. Em 7 de abril, ela compartilhou uma foto de Danino beijando-a no Instagram e, na legenda, brincou sobre ele ter perdido para ela no gamão e por ter deixado seu despertador matinal tocar. Quatro semanas atrás, ela postou uma foto dos dois com a legenda: "Estou esperando por você".

Almog Sarusi, 27 anos

Sarusi era de Ra'anana, uma cidade ao norte de Tel Aviv, de acordo com o Haaretz. O jornal disse que ele estava no festival de música com sua namorada de longa data e ficou ao seu lado depois que ela foi ferida no ataque. Ela morreu e ele foi capturado.

O Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos o descreveu no X como "uma pessoa vibrante e positiva que adorava viajar por Israel em seu jipe branco com seu violão".

Eden Yerushalmi, 24 anos

Yerushalmi era "uma jovem vibrante com muitos amigos e hobbies", escreveu o Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos no X. "Eden adorava passar os dias de verão na praia jogando frescobol, participando de festas e estava estudando para se tornar instrutora de Pilates."

Em novembro, as irmãs de Yerushalmi acenderam velas para ela na cidade de Nova York, no túmulo de um importante líder espiritual do judaísmo. Elas riram na ocasião, tentando explicar seu apelido — Opossum — uma antiga piada interna da qual as irmãs não se lembravam mais. Os parentes de Yerushalmi também viajaram para Paris e Washington para pressionar pela liberação dos reféns.

Em um vídeo publicado em abril, as irmãs de Yerushalmi disseram que ela era uma garçonete em Tel Aviv que adorava fazer vídeos no TikTok, andava de motocicleta e era "sempre a alma das festas".

— Ela é muito amigável — disseram em outro vídeo, publicado em julho. — Ela vive a vida ao máximo.