Internacional
Caçadores suecos matam mais de 150 ursos pardos nos primeiros dois dias de abate anual
Para ativistas, caça com atuais tecnologias e mortes desenfreadas podem tornar a data um 'abate puro', que pode ameaçar a sobrevivência de toda a espécie escandinava
Até a tarde de ontem, 152 ursos pardos foram mortos pelos caçadores licenciados pelo governo sueco no segundo dia da caça anual ao urso no país, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental da Suécia. Ainda faltam 334 animais para completar os 20% de abatimento da espécie, estipulados no ínicio da data. Mas o evento anual gerou uma controvérsia entre ativistas que consideram desnecessária tamanha quantidade de abates da espécie.
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O governo sueco emitiu 486 licenças para atirar em ursos na caçada deste ano, mesmo assim não chegou perto do número recorde de 722 animais mortos no ano passado.
Além do alto número de licenças, a Suécia relaxou seus regulamentos de caça para permitir o uso de iscas, câmeras e cães para matar os ursos - práticas que antes eram ilegais.
De acordo com o presidente da Associação Sueca de Carnívoros, Magnus Orrebrant, a facilidade de se caçar um animal com o aparato tecnológico que se tem hoje, desvirtua a ideia de assegurar a segurança das pessoas.
— Os métodos modernos de caça tornam extremamente fácil matar um urso - pode-se compará-lo ao abate puro — disse, o presidente do grupo de defesa da vida selvagem, ao The Guardian.
Antecipando possíveis protestantes contra a caçada, a polícia local acompanhou os caçadores pela primeira vez.
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Os oficiais têm patrulhado as florestas a pé e com drones para garantir o "progresso pacífico dos caçadores" em meio a preocupações de que o aumento das licenças possa provocar protestos.
— Consideramos necessário garantir que não haja interferência com os caçadores fazendo seu trabalho durante a caça ao urso deste ano — disse Joacim Lundqvist, policial e coordenador da vida selvagem do norte da Suécia. E prosseguiu: — Isso ocorre porque houve um aumento de manifestantes nas caçadas de linces e lobos que ocorreram no início deste ano.
Nos últimos dois anos, a Suécia abateu centenas de lobos, linces e ursos. Em 2023, o país realizou a maior caça ao lobo dos tempos modernos, com o objetivo de abater 75 animais de uma população ameaçada de extinção, com apenas 460 lobos.
Cultura x ecologia
Os ursos chegaram perto de serem extintos na Suécia há 100 anos, mas voltaram a crescer e atingir o pico de 3.300, em 2008. Nos anos seguintes, os abates reduziram o número de ursos em 40%, para cerca de 2.400. Se continuarem a uma taxa semelhante, o abate do próximo ano trará números próximos ao mínimo de 1.400 ursos considerados necessários para manter uma população viável pelo governo sueco.
Para os ecologistas há a preocupação que se as caçadas continuarem nesse nível, possam ter repercussões em toda a região. No início deste mês, grupos ambientalistas noruegueses apelaram às autoridades suecas em algumas regiões fronteiriças para recusar as licenças aos caçadores para matar os ursos, argumentando que eles ameaçavam a população de ursos pardos em ambos os países.
O recurso foi negado.
Para o chefe da Organização Norueguesa de Conservação da Natureza, Truls Gulowsen, essa redução é bastante dramática para a sobrevivência da população de ursos pardos escandinavos.
Já o cientista-chefe do Projeto Urso Escandinavo, Jonas Kindberg, da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas, calcula que o número correto de abates para manter a população estável é de cerca de 250 ao ano.
Os ursos pardos são uma espécie protegida na Europa, e os conservacionistas argumentam que as altas cotas de caça podem violar a diretiva de habitats da União Europeia (UE), que proíbe "a caça deliberada ou a morte de espécies estritamente protegidas".
De acordo com as regras da UE, essa proibição só pode ser suspensa como "último recurso" para proteger a segurança pública, as plantações ou a flora e fauna naturais.
Magnus Rydholm, diretor de comunicações da Associação Sueca de Caça e Gestão da Vida Selvagem, afirma que esse animais não causam problemas aos humanos a não ser que sejam provocados. Mas ressalta que a herança da caça ainda é importante dentro do país.
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