Internacional
Macron inicia consultas para nomear novo primeiro-ministro após semanas de impasse no Parlamento
Apesar dos entraves anteriores, representantes da Nova Frente Popular (NFP), coalizão de esquerda que venceu as eleições, classificaram as conversas como 'extremamente satisfatórias'
Após o impasse político na França ter ficado em suspenso durante os Jogos Olímpicos, o presidente Emmanuel Macron deu início, nesta sexta-feira, aos diálogos com os diferentes blocos no Parlamento para a nomeação de um novo primeiro-ministro. Quase dois meses depois das eleições, em 7 de julho, o país vive um limbo com um governo interino sob comando do premier Gabriel Attal, aliado a Macron. Apesar dos entraves anteriores, representantes da Nova Frente Popular (NFP), coalizão de esquerda que venceu o pleito, mas sem maioria absoluta dos assentos, classificaram as conversas desta sexta como "extremamente satisfatórias".
— Depois de dois meses, o presidente está começando a entender que perdeu a eleição — disse Manuel Bompard, do partido da esquerda radical França Insubmissa (LFI), membro da coalizão vencedora que obteve o maior número de cadeiras. — [Macron deveria agir como] um árbitro... e não como um selecionador.
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Inicialmente, Macron rejeitou a primeira candidata a primeira-ministra sugerida pela NFP, a funcionária pública Lucie Castets, de 37 anos, do bloco socialista, alegando a necessidade um governo com apoio “amplo e estável” para evitar uma moção de desconfiança do Parlamento, o que elevaria o caos político. Na França, a indicação a primeiro-ministro não precisa ser chancelada pelos deputados, apenas não pode ser rejeita pela maioria absoluta do Parlamento.
— Estou disposta a construir coalizões, a debater com as demais forças políticas para tentar encontrar um caminho para garantir a estabilidade do país e responder às necessidades urgentes dos franceses — disse Castets, após o encontro.
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Ameaças de moção
Segundo a tradição institucional francesa, o indicado a premier geralmente é integrante da maior coalizão dentro do Parlamento, que, durante a maior parte da História da atual república, também era do mesmo partido do chefe de Estado. Mas o cenário atual, com a Casa dividida entre três grandes blocos — a esquerda (193 assentos), o centro macronista (164) e a extrema direita (143) —, pôs o país em uma indefinição.
A coalizão de esquerda — constituída por socialistas, comunistas, ecologistas e a LFI — pede prioridade para a formação de um governo, e até o momento é a única com uma proposta na mesa. No entanto, o partido de ultradireita Reagrupamento Nacional (RN), da deputada Marine Le Pen, e parte da direita tradicional já ameaçaram abrir uma moção de desconfiança contra um eventual governo de esquerda, especialmente se houver ministros da França Insubmissa. A LFI também afirmou fazer o mesmo caso o premier não seja da NFP.
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Em julho, Macron chegou a sugerir uma grande coalizão entre centro, direita tradicional e esquerda moderada, isolando os "extremos" RN e LFI. Em certa ocasião, ele chegou a dizer que "ninguém venceu as eleições". O cenário, porém, também poderia minar a popularidade já em baixa do presidente, cujo mandato acaba em 2027. No segundo turno das eleições legislativas, o presidente convocou uma união entre o centro e a esquerda para barrar a extrema direita, que aparecia em primeiro nas pesquisas.
— [A rejeição em nomear] um primeiro-ministro de uma coalizão que chegou na liderança [se assemelha a] um golpe de Estado — assegurou o líder comunista Fabien Roussel.
Orçamento eleva pressão
Nesta sexta, Macron também se reuniu com membros do centro e do partido da direita tradicional Os Republicanos, que durante as eleições rachou e parte dos seus membros se juntaram à sigla de Le Pen em alguns distritos. O diálogo com a extrema direita acontecerá na segunda-feira.
Antes das reuniões, um porta-voz do Palácio do Eliseu disse que ainda não há uma data certa para a nomeação de um novo premier. As disputas em torno do Orçamento para o ano que vem, no entanto, aceleraram o processo: a proposta deve ser pautada no Parlamento até outubro.
A líder ecologista Marine Tondelier criticou "uma forma de obstrução" do presidente e cobrou uma decisão "até terça-feira", quando todos os grupos políticos já terão sido consultados.
Segundo o porta-voz de Macron, o presidente estabeleceu como meta promover o diálogo entre as forças republicanas para que formem uma maioria "com o maior número de parlamentares e também a mais estável, o que significa que não pode ser derrubada". O Eliseu defende que o pleito deixou "três lições":
— A primeira é que a maioria cessante perdeu. A segunda é que os franceses não queriam um governo liderado pela extrema direita, o Reagrupamento Nacional — elencou o porta-voz. — A terceira é que nenhuma coalizão está em posição de reivindicar uma maioria, o que é inédito na história da Quinta República.
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