Internacional
Primeiros deslocados chegam em Moscou enquanto a Rússia tenta controlar invasão ucraniana em Kursk: 'Guerra chegou até nós'
Segundo governador de Kursk, cerca de 3 mil pessoas foram retiradas da região; ofensiva no território deixou pelo menos cinco pessoas mortas e mais de 60 feridos
Dezenas de pessoas visivelmente desorientadas desembarcam em Moscou de um dos primeiros trens que levaram à capital russa os deslocados da região de Kursk, que há quatro dias é o cenário de uma grande incursão do Exército ucraniano — no que parece ser a ofensiva mais séria em solo russo desde o início da guerra há mais de dois anos. Entre os que chegam à estação, que ironicamente leva o nome da capital ucraniana, "Estação de Kiev", há muitas famílias com crianças e idosos.
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— É terrível, estão bombardeando — afirmou um idoso com uma pequena bolsa de viagem, sem revelar seu nome, referindo-se à situação em Kursk.
O Exército russo confirmou que as tropas ucranianas chegaram a Sudzha, uma localidade de 5,5 mil habitantes situada a uns 10 quilômetros da fronteira. O governador da região de Kursk, Alexei Smirnov, afirmou que cinco civis morreram no início da ofensiva, enquanto a agência de notícias Tass afirma que mais de 60 pessoas ficaram feridas: 55 permanecem hospitalizadas, sendo 12 em estado grave.
As autoridades declararam estado de emergência e pediram para que a população se deslocasse. Nesta sexta, Smirnov afirmou em seu canal do Telegram que a situação em Kursk "continua difícil". Cerca de 3 mil pessoas foram retiradas da região, informou.
Outro deslocado, que também não deseja compartilhar sua identidade, disse vir de Kurchatov, a cerca de cinquenta quilômetros da fronteira ucraniana. Os combates ainda não chegaram a região de mais ou menos 40 mil habitantes e "a defesa antiaérea trabalha duro" para repelir os bombardeios ucranianos, disse o homem à AFP.
— A guerra chegou até nós. Todos nossos familiares partiram para Moscou porque dá muito medo — conta a alguns jornalistas uma mulher que foi receber seus entes queridos junto com sua filha de 10 anos.
O trem é um dos fretados pelas autoridades para remover os habitantes da região de Kursk, onde as tropas ucranianas adentraram várias dezenas de quilômetros. Quatro dias depois, as forças russas ainda tentam repelir o ataque. Nesta sexta-feira, a Rússia anunciou o envio de mais tropas e armas para a região para enfrentar as forças ucranianas e mais recursos para ajudar a população a sair.
'Os próximos'
Na Estação de Kiev, os deslocados perguntavam aos transeuntes onde fica a saída. Uma mulher de cerca de 50 anos que havia tomado o trem com seu filho adolescente senta-se em um banco da plataforma, chorando enquanto acariciava seu gato, Murka.
Os moscovitas entrevistados pela AFP nas imediações afirmaram estar dispostos a ajudar financeiramente os deslocados.
— De um jeito ou de outro, acho que tudo isso precisa acabar. Não deveria haver guerra — declarou Larisa, de 59 anos, encarregada de um vagão restaurante.
Liubov, de 43 anos, afirmou por sua vez que "o presidente [ Vladimir Putin] já está fazendo tudo o que pode" para ajudar as vítimas. Liudmila, de 68, natural de Orel, a cerca de 140 quilômetros da cidade de Kursk, gostaria que o presidente tomasse "medidas militares mais decisivas" para repelir a incursão.
— Receio que sejamos os próximos — lamentou.
As regiões russas de fronteira, especialmente Belgorod, já foram alvo de ataques terrestres procedentes da Ucrânia e são frequentemente atingidas por bombardeios, mas a operação dos últimos dias é excepcional por sua potência e duração.
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