Internacional
Líder da oposição afirma que comunidade internacional é corresponsável por Venezuela e oferece garantias para saída de Maduro
Declarações de Maria Corina Machado foram feitas através de áudios enviados do seu esconderijo; oposicionista reafirmou a vitória da oposição e disse estar 'indignada' com a repressão aos protestos
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disse nesta sexta-feira que ofereceria ao presidente Nicolas Maduro "garantias, salvo-conduto e incentivos" para uma "transição negociada" de poder que o levaria a deixar o cargo. A oposicionista, que contesta os resultados da eleição do último dia 28 e garante que Edmundo González Urrutia é o verdadeiro presidente eleito, pediu também maior apoio da comunidade internacional para a oposição política do país. descrevendo-a como "corresponsáveis pelo que está acontecendo no país".
As declarações da líder opositora foram feitas em entrevista à agência de notícias AFP por meio de áudios enviados enquanto estava escondida por temer por sua segurança. Na quarta-feira, o Ministério Público venezuelano abriu uma investigação criminal contra Corina Machado e González Urrutia. Suas respostas foram divulgadas no momento em que Maduro deve comparecer à Suprema Corte da Venezuela na sexta-feira, pedindo que o órgão judicial superior confirme sua reeleição.
— Estamos determinados a avançar em uma negociação — afirmou Corina Machado, inabilitada politicamente pela Justiça venezuelana por 15 anos, explicando: — Será um processo de transição complexo e delicado, no qual vamos unir toda a nação.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro vencedor com 52% dos votos e o proclamou presidente reeleito quando tinha apenas 80% das urnas apuradas e o resultado era amplamente contestado pela oposição e boa parte da comunidade internacional. Pouco mais de dez dias depois, o órgão pró-governo ainda não divulgou os resultados detalhados. A oposição por sua vez lançou um site com cópias de, segundo afirmam, 84% das cédulas de votação, que mostra uma vitória acachapante de Gonzalez Urrutia com 67% dos votos. O governo alega que esses resultados são falsos.
A reeleição foi questionada pelos Estados Unidos, pelo bloco da União Europeia e por vários países latino-americanos. Brasil, Colômbia e México, que têm governos de esquerda, lideram a mediação da crise e pressionam por um acordo entre as partes, insistindo na necessidade de publicar o resultado detalhado.
— As forças internacionais são corresponsáveis pelo que está acontecendo na Venezuela — afirmou Corina Machado. — É hora de todos os governos do mundo levantarem suas vozes contra a repressão e reconhecerem a vitória de Edmundo Gonzalez... e ao mesmo tempo fazer Maduro entender que sua melhor opção é uma transição negociada.
Machado venceu as primárias da oposição para enfrentar Maduro em outubro de 2023, mas foi impedida pelas autoridades de concorrer. Seu lugar nas eleições gerais foi ocupado pelo ex-diplomata Gonzalez Urrutia, de 74 anos. "Somos uma equipe", destacou a oposicionista que, sendo a líder da oposição de maior visibilidade, fez campanha para o candidato pouco conhecido. González Urrutia não apareceu em público por mais de uma semana durante a repressão aos manifestantes pelo governo de Maduro.
'Indignada com reação brutal'
Assim que o resultado foi anunciado, os protestos eclodiram, deixando pelo menos 24 pessoas mortas, de acordo com organizações de direitos humanos, e mais de 2.200 presas, de acordo com o próprio Maduro, que criou duas prisões de segurança máxima para mantê-las.
— Todos os venezuelanos temiam por nossa liberdade e por nossas vidas, todos nós — confessou a líder da oposição. — E estou indignada com essa reação brutal do regime, mas também estou serena e certa de que faremos valer a soberania popular e que a verdade prevalecerá.
A líder da oposição também rejeitou a declaração do alto comando militar de "lealdade absoluta" a Maduro, dizendo que muitos oficiais militares encarregados de vigiar as seções eleitorais apoiaram a coleta das folhas de registro das seções eleitorais para o site dele. Disse que a única opção que resta a Maduro é "se entrincheirar em torno da geração de violência e medo, por um lado, e um grupo muito pequeno de oficiais militares de alta patente que não representam as aspirações da grande maioria de nossas forças armadas nacionais".
— Estou absolutamente convencida de que a grande maioria dos cidadãos militares, bem como as forças policiais, anseiam por uma mudança para uma Venezuela onde haja justiça, oportunidade e liberdade — insistiu, acrescentando: — Em 10 de janeiro (de 2025, dia da posse), a Venezuela terá em Edmundo González Urrutia seu novo presidente e seu novo comandante-em-chefe.
Mais lidas
-
1DEFESA E TECNOLOGIA
Caça russo Su-35S é apontado como o mais eficiente do mundo, afirma Rostec
-
2VIDA PROFISSIONAL
Despedida de William Bonner: dicas de Harvard para equilibrar trabalho e vida pessoal
-
3COMUNICAÇÃO
TV Asa Branca Alagoas amplia cobertura e passa a operar também via parabólica em Banda KU
-
4TV E ENTRETENIMENTO
'Altas Horas' recebe Ludmilla e Arnaldo Antunes neste sábado
-
5CONCURSO
Paulo Dantas anuncia 11 mil vagas no maior concurso público da história de Alagoas