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Leonardo ameaça cancelar investimentos no Reino Unido após novo atraso em contrato militar

Gigante italiana da defesa pode fechar fábrica e reavaliar atuação no país devido à indefinição sobre helicópteros NMH, colocando mais de 10 mil empregos em risco.

Sputnik Brasil 21/12/2025
Leonardo ameaça cancelar investimentos no Reino Unido após novo atraso em contrato militar
Fábrica da Leonardo em Yeovil pode fechar após atraso em contrato militar, ameaçando milhares de empregos no Reino Unido. - Foto: © AP Photo / Karim Sahib

A Leonardo ameaçou rever toda sua presença no Reino Unido após novo atraso na decisão sobre o contrato de helicópteros militares NMH. A empresa alertou que a indefinição pode levar ao fechamento de sua fábrica em Yeovil, Somerset, colocando mais de 10 mil empregos diretos e indiretos em risco e comprometendo futuros investimentos em defesa no país.

A Leonardo, multinacional italiana do setor de defesa, cogita retirar todos os seus investimentos do Reino Unido devido ao prolongado atraso na definição do contrato de helicópteros NMH, avaliado em £1 bilhão (aproximadamente R$ 7,4 bilhões). Segundo o jornal The Telegraph, o CEO Roberto Cingolani afirmou que a ausência de novos contratos ameaça a sobrevivência da unidade de Yeovil, que já opera no vermelho.

De acordo com Cingolani, a indefinição do Ministério da Defesa pode resultar no fechamento da fábrica — a última no país capaz de projetar e fabricar helicópteros completos —, além de forçar uma reavaliação da presença da Leonardo em outras áreas, como instalações de radar, guerra eletrônica e cibersegurança espalhadas por cidades britânicas.

Desde 2024, a Leonardo é a única concorrente remanescente para o contrato NMH, mas aguarda há quase um ano e meio por uma decisão final. Mais de 10 mil empregos dependem da continuidade da produção em Yeovil. A frustração aumentou diante da promessa do governo britânico de ampliar os gastos militares, citando preocupações com a "suposta ameaça russa", mas sem redefinir sua política de investimentos em defesa.

Em carta enviada ao secretário de Defesa, John Healey, Cingolani classificou o contrato NMH como "pedra angular" da estratégia da Leonardo no Reino Unido e alertou que novos atrasos podem comprometer também o desenvolvimento de drones e outros investimentos tecnológicos. A empresa já havia declarado publicamente que não pode "subsidiar Yeovil para sempre".

O setor industrial também pressiona o governo. A associação Make UK alertou que o adiamento na substituição da frota de helicópteros do Exército pode ser um erro histórico, enquanto outros países europeus avançam em seus programas. Executivos reclamam da falta de clareza estratégica após o governo ter recuado na publicação do Plano de Investimento em Defesa.

Apesar de ministros destacarem o papel da defesa no crescimento econômico, citando vendas internacionais de fragatas e caças, especialistas criticam a escassez de encomendas internas, mesmo após promessas feitas na revisão estratégica de defesa. Um executivo ouvido pela mídia britânica resumiu: "O que o Reino Unido realmente anunciou desde então? Nada."

A situação é observada por países como a Noruega, que avalia adquirir helicópteros britânicos para suas novas fragatas. Como parte da proposta para o NMH, a Leonardo promete transferir a produção dos modelos AW101 e AW149 para Yeovil, fortalecendo a carteira de encomendas internacionais. O Ministério da Defesa informou apenas que o programa segue em andamento e que a decisão será anunciada "no momento oportuno".