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Nova estratégia de segurança nacional dos EUA visa mostrar à Europa qual é o seu lugar, afirma Lavrov
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou em uma entrevista divulgada nesta segunda-feira (15) que a nova estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos visa mostrar à Europa qual é o seu lugar e garantir que ela não tente arrastar Washington para suas maquinações em prol de uma ordem liberal.
Em entrevista veiculada pela emissora estatal iraniana IRIB, Lavrov ressaltou que o objetivo do governo do presidente Donald Trump é não se envolver em jogos europeus que convêm somente às elites do continente.
"Um dos seus principais objetivos é fazer com que a Europa saiba qual é o seu lugar e impedi-la de impor os seus ideais liberais, dos quais se orgulha e que promoveu em cooperação com as administrações democráticas dos EUA durante décadas; fazê-la cuidar da sua própria vida e não tentar envolver os Estados Unidos nos seus jogos, no mínimo, desonestos, destinados a promover o liberalismo que convém à sua elite na vida política de todos os outros países."
Ainda segundo Lavrov, a Europa, ao inundar Kiev com armas, dinheiro e informações de inteligência, usando as mãos e os corpos de ucranianos, está mais uma vez em guerra com a Rússia.
"E agora a Europa está travando uma guerra conosco mais uma vez, com ucranianos sob uma bandeira nazista, usando dinheiro europeu, instrutores e todos os dados de inteligência e reconhecimento ocidentais, enquanto a Europa inunda a Ucrânia com armas cada vez mais modernas."
O militarismo está sendo revivido na Alemanha, e da última vez que isso aconteceu, foi sob o pretexto do nacional-socialismo e da conquista de outras nações, acrescentou Lavrov.
Sobre os ativos russos, o ministro das Relações Exteriores da Rússia declarou que vozes sensatas na Europa que se manifestam contra a ideia estão sendo silenciadas pela União Europeia.
"Embora agora tenham começado a discutir se é certo roubar dinheiro russo, algumas vozes sensatas podem ser ouvidas por lá, mas Bruxelas está tentando silenciá-las."
Lavrov também comentou durante a entrevista sobre as tentativas norte-americanas de elaborar um plano de paz para o conflito ucraniano. O ministro declarou que aguarda um retorno dos EUA sobre o contato com as lideranças de Kiev, enquanto tem otimismo que o Washington tenha entendido as demandas de Moscou.
"Os Estados Unidos estão tentando chegar ao fundo dessa questão. Os últimos contatos com os americanos inspiraram alguma esperança de que eles tenham desenvolvido uma compreensão mais profunda da nossa posição. Eles estão começando a entender o que precisa ser feito para alcançar uma resolução confiável e duradoura para este conflito, em vez de mais uma trégua para, mais uma vez, encher a Ucrânia de armas. Este é um trabalho em andamento."
Lavrov reforça parceira russa-iraniana
O chanceler russo afirmou que a Rússia mantém contato com o governo dos EUA sobre a questão iraniana e está esboçando abordagens para a normalização da situação em torno do Irã.
"Estamos trabalhando com a República Islâmica do Irã. Temos canais de comunicação com o governo dos EUA. A Europa não quer se comunicar conosco. Eles têm delírios de grandeza. É uma escolha deles. Não temos muito o que conversar com líderes europeus desse tipo. Mas estamos apresentando nossas abordagens aos americanos sobre como normalizar a situação atual em torno da República Islâmica do Irã."
Lavrov também enviou um recado para aqueles que, em países ocidentais, afirmam que a Rússia supostamente "abandonará" o Irã caso melhore as relações com os Estados Unidos.
"Eu já lhes disse que estão mentindo. Que citem pelo menos um exemplo de quando traímos outro país, nosso antigo amigo e aliado, em nome da melhoria das relações com outro país, não importa quão grande ou poderoso ele seja."
Lavrov acrescentou que nunca ouviu falar de nenhum exemplo que pudesse ser usado para convencer outros países de que a Rússia não é confiável.
"Se eles se referem ao que chamam de invasão não provocada da Ucrânia pela Rússia — se esse é o exemplo, isso demonstra o nível dos diplomatas que usam argumentos desse tipo."
Como exemplo da parceria entre os países, Lavrov destacou que as nações planejam construir novas unidades de usinas nucleares, e as obras em algumas delas já estão em andamento.
"Além do corredor Norte-Sul, há também um projeto emblemático como a usina nuclear de Bushehr, cuja construção está em andamento. Novos blocos foram planejados e alguns já estão em operação."
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