Chegou ao fim a negociação para a venda da participação da Novonor, antiga Odebrecht, na Braskem. A gestora de investimentos IG4 irá adquirir dívidas de aproximadamente R$ 20 bilhões que a Novonor mantém com Itaú Unibanco, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e BNDES.

Com a aprovação do negócio pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a IG4 se tornará sócia da Braskem. Considerando ações preferenciais e ordinárias (com direito a voto), o fundo assessorado pela IG4 passará a deter 50,1% do capital votante e 34,3% do capital total da companhia.

O acordo prevê a criação de dois fundos. O primeiro é o Shine I Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FDIC), da gestora Vórtx Capital, assessorado pela IG4 Sol, que reunirá os créditos originalmente devidos pela Novonor aos bancos.

Esses créditos deverão ser quitados com a venda das ações da Braskem, repassando os recursos às instituições financeiras. No entanto, a venda depende da valorização de mercado da petroquímica, o que pode levar até cinco anos.

Em outra estrutura, um Fundo de Investimentos em Participações (FIP) receberá todas as ações ordinárias da Novonor na Braskem. Por meio desse fundo, haverá controle compartilhado da petroquímica entre IG4 e Petrobras.

Segundo comunicado da Novonor, o acordo de exclusividade anunciado nesta segunda-feira (15) é válido por 60 dias. "Com as premissas estabelecidas, as partes darão andamento às tratativas relacionadas à potencial operação, atendendo de forma ordenada os aspectos jurídicos e de governança, sempre com o objetivo de concluir positivamente o processo e gerar valor para a companhia petroquímica", informou a empresa.

Fontes próximas à negociação informam que 4% das ações preferenciais da Braskem permanecerão com a Novonor, livres de ônus e sem direitos de governança, exceto os previstos na legislação societária brasileira.

Próximo passo é acordo com Petrobras

Após aprovação do Cade e demais autoridades, espera-se que um novo acordo de acionistas seja firmado entre o fundo que receberá as ações da Braskem e a Petrobras, estabelecendo o controle da empresa.

Ainda de acordo com fontes, uma vez concluída a transação, a Novonor deixará de participar do acordo e não exercerá mais influência sobre a governança da Braskem. A atual equipe de gestão e os conselheiros permanecem, garantindo a continuidade operacional.

Paralelamente ao acordo para compra das ações, a IG4 desenvolve um plano de reestruturação e criação de valor a longo prazo, a ser implementado somente após o fechamento da transação e do novo acordo de acionistas entre o FIP e a Petrobras.

Segundo pessoas próximas ao negócio, a transação é estritamente acionária e não prevê mudanças operacionais imediatas na Braskem. A expectativa é que a operação proporcione maior estabilidade de governança, previsibilidade e clareza estratégica aos acionistas minoritários.