O palestino Raffah Hanajrah, natural da Faixa de Gaza e residente no Brasil há seis anos, participou neste fim de semana da terceira edição da Feira Palestina, realizada em São Paulo.

“Essa é a terceira edição. Fizemos a primeira, a segunda e agora esta. O objetivo é ser uma feira cultural”, explicou Hanajrah, ressaltando que a iniciativa busca dialogar com o público brasileiro diante da falta de informação sobre o tema.

“Para apresentar a cultura palestina para o povo brasileiro, que tem muita desinformação sobre a Palestina.”

O evento, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), acontece em um momento em que o conflito na Faixa de Gaza segue causando forte impacto humanitário e repercussão internacional, com milhares de mortos e deslocados, mesmo sob um frágil cessar-fogo.

Hanajrah destacou que a feira procura romper com a imagem restrita do território palestino, frequentemente associada apenas à violência.

“Se eles só conhecem a Palestina por guerra, matança, destruição, queremos mostrar a Palestina de outro lado, de um outro jeito”, afirmou durante a feira, que reuniu produtos culturais, artesanato e atividades abertas ao público.

Residente no Brasil desde 2019, Raffah contou sobre sua trajetória até se estabelecer no país.

“Saí de Gaza, fui para o Egito, depois para a Turquia, e então vim para cá. Meu destino inicial era o Canadá, mas acabei ficando aqui”, relatou, acrescentando que a pandemia foi decisiva para sua permanência. “Não consegui resolver, veio a pandemia, foi perigoso ficar aqui, aí comecei a gostar, casei [com uma brasileira]”, completou.

Atualmente, ele atua como professor em São Paulo. “Dou aulas de cultura, caligrafia, língua árabe e também sou matemático”, disse. O aprendizado do português se deu no dia a dia: “Depois da pandemia, comecei a me comunicar com os brasileiros e aprendi”, afirmou, sendo elogiado pela fluência no idioma.

Na feira, Hanajrah apresentou produtos importados da Palestina, como lenços, colares, pulseiras e mochilas.

“Esses são produtos importados da Palestina que representam nossa cultura”, explicou.

Entre os destaques, estava o tradicional lenço palestino, cujo significado ele fez questão de detalhar: “Esse lenço representa o mundo árabe em geral, mas atualmente representa ainda mais o povo palestino.”

“Significa a rede de pescador, as folhas da oliveira e os caminhos do comércio”, explicou. “A Palestina tem muita importância nessa área, pois conecta várias regiões.”

Ele ressaltou ainda que o uso do lenço não se limita a palestinos ou árabes: “Pode usar, é um prazer para nós ver pessoas de outras culturas interessadas pela nossa.”

Por Sputinik Brasil