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Cade aprova fusão entre Petz e Cobasi com exigência de desinvestimento

Operação é condicionada a acordo que prevê venda de ativos, principalmente em São Paulo, e adoção de medidas comportamentais.

10/12/2025
Cade aprova fusão entre Petz e Cobasi com exigência de desinvestimento
Cade aprova fusão entre Petz e Cobasi com exigência de desinvestimento

O plenário do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira, 10, a fusão entre as redes de pet shop Petz e Cobasi, mediante assinatura de um Acordo em Controle de Concentração (ACC) que prevê o desinvestimento de ativos, principalmente no estado de São Paulo. O acordo também inclui outros remédios comportamentais, ainda não divulgados. A decisão foi tomada durante a sessão do órgão de defesa da concorrência.

A aprovação seguiu o voto do conselheiro-relator, José Levi Mello do Amaral Jr., acompanhado pela maioria dos conselheiros, exceto pela conselheira Camila Cabral. José Levi destacou que o acordo pode resultar em uma situação concorrencial melhor do que a atual: "Pode não ser perfeito, mas aí eu sigo uma lógica que aprendi na academia: o ótimo é inimigo do bom. Nesse sentido, me parece bom o ACC", afirmou.

A análise da fusão pelo Cade teve início em meados de 2024. A Petlove, terceira maior varejista do setor de pet shops no Brasil, participou como terceira interessada, inicialmente defendendo a reprovação da operação, mas flexibilizando sua posição nas últimas semanas.

O tribunal do Cade divergiu do entendimento da Superintendência-Geral (SG), área técnica do órgão, que havia aprovado a operação sem restrições em junho deste ano. Um recurso apresentado em 23 de junho levou o processo ao tribunal administrativo. Em outubro, foi realizada uma audiência pública com representantes do governo, da Câmara dos Deputados, entidades de defesa dos animais, da concorrência e as empresas envolvidas.

Além da Petlove — que, em petição ao Cade, se colocou como "candidata natural" à aquisição dos ativos desinvestidos, por seu porte e atuação online —, ao menos mais uma empresa demonstrou interesse financeiro na compra dos ativos.

O presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, acompanhou o voto do relator e avaliou positivamente o acordo. "Em termos de atratividade do pacote, acertamos. Temos não só remédios estruturais, mas um pacote comportamental duro", ressaltou.

A conselheira Camila Cabral, que divergiu do relator, criticou aspectos metodológicos dos estudos técnicos realizados pelo Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do Cade, reconhecendo limitações e apontando uma possível superestimação da participação das rivais. Para ela, mesmo com os remédios aplicados, "sobraram muitos problemas".