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Novo Bolsa Família reduz número de beneficiários e valor total de repasses entre 2023 e 2025

Estudo da FGV revela diminuição no total de famílias atendidas e aponta mobilidade socioeconômica dos beneficiários.

05/12/2025
Novo Bolsa Família reduz número de beneficiários e valor total de repasses entre 2023 e 2025
- Foto: Divulgação

Um novo estudo com dados administrativos do governo federal aponta que, entre o início de 2023 e outubro de 2025, houve redução no número total de beneficiários do Novo Bolsa Família, assim como no total de famílias atendidas e no valor global dos benefícios. A pesquisa, conduzida pelos professores Valdemar Pinho Neto e Marcelo Neri, da Escola de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE), destaca que os fluxos mensais do programa indicam mais saídas do que novas entradas, o que sugere rotatividade saudável e sustentabilidade.

Relançado em 2023, o Novo Bolsa Família tem renovado o perfil do público atendido, segundo o relatório "Filhos do Bolsa Família - Uma Análise da Última Década", divulgado nesta quinta-feira (20) no Rio de Janeiro. Dos beneficiários acompanhados desde o início de 2023, 31,25% já não faziam parte do programa em outubro de 2025. O estudo reforça que o Bolsa Família oferece proteção em momentos de vulnerabilidade, sem criar dependência permanente. “Mesmo em um horizonte inferior a três anos, o programa segue associado à transição para arranjos de renda mais autônomos, sobretudo nas idades em que o ingresso no mercado de trabalho é mais intenso”, aponta o relatório.

A análise ressalta ainda que a Regra de Proteção, que permite à família permanecer no programa por um período mesmo após ultrapassar o limite de renda, atua como um amortecedor entre o Bolsa Família e o mercado de trabalho.

“Isso evita quedas bruscas de renda, diminui o receio de aceitar empregos formais ou de registrar-se como Microempreendedor Individual (MEI) e, ao mesmo tempo, garante que, em caso de nova perda de renda, a família possa retornar com prioridade ao programa”, destaca a publicação.

O lançamento do estudo contou com a presença do ministro do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. “Quando a gente vê a elevação do PIB no Brasil, surpreendendo muitas vezes a área econômica e técnica, ali tem o PIB dos mais pobres. Aquelas pessoas que lá atrás viviam de transferência de renda, agora têm consumo”, afirmou o ministro.

Mobilidade da segunda geração

O estudo evidencia que o Bolsa Família combina proteção social robusta e mobilidade socioeconômica. Uma das principais descobertas é que muitos filhos de beneficiários deixam de receber o auxílio no futuro.

O levantamento acompanhou, entre 2014 e 2025, membros de famílias que recebiam o benefício em 2014, com foco em crianças e adolescentes. Os resultados mostram que uma parcela expressiva da chamada “segunda geração” deixou de depender da transferência de renda. Entre todos os beneficiários de 2014, 60,68% não recebiam mais o Bolsa Família em 2025. Entre os adolescentes de 11 a 14 anos naquela época, a taxa de saída chega a 68,8%, e entre os de 15 a 17 anos, a 71,25%. Em áreas urbanas, 67,01% dos jovens de 6 a 17 anos deixaram o programa.

A escolaridade do adulto responsável também influencia: quando o responsável concluiu o ensino médio, quase 70% dos jovens de 6 a 17 anos em 2014 deixaram o Bolsa Família ao longo da década.

“Essa emancipação do Bolsa Família é acompanhada por uma saída relevante do Cadastro Único e por aumento da participação no mercado de trabalho formal”, ressalta o estudo. Entre os jovens de 15 a 17 anos em 2014, mais da metade deixou o CadÚnico até 2025, e 28,4% tinham vínculo formal de emprego em 2023.