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Militares da Guiné-Bissau anunciam golpe, suspendem eleições e prendem presidente
Ação militar ocorre após disputa eleitoral e relatos de tiros próximos ao palácio presidencial; fronteiras foram fechadas e imprensa teve atividades suspensas
Militares da Guiné-Bissau anunciaram, nesta quarta-feira (26), a tomada do poder no país, três dias após as eleições nacionais. O pronunciamento foi feito em rede nacional, após relatos de tiros nas proximidades do palácio presidencial.
Segundo comunicado lido pelo porta-voz Dinis N'Tchama, o processo eleitoral está suspenso, todas as fronteiras foram fechadas e as atividades dos veículos de comunicação interrompidas. "O Alto Comando Militar para o restabelecimento da ordem nacional e pública decide depor imediatamente o presidente da República e suspender, até novas ordens, todas as instituições da República da Guiné-Bissau", declarou N'Tchama.
O porta-voz afirmou que a medida foi motivada pela "descoberta de um plano em andamento" para desestabilizar o país por meio da tentativa de "manipular os resultados eleitorais". Segundo ele, o suposto esquema teria envolvimento de políticos locais, um conhecido traficante de drogas e cidadãos nacionais e estrangeiros, sem detalhar nomes.
O presidente Umaro Sissoco Embaló declarou à imprensa francesa que foi deposto e está sob custódia militar. "Fui deposto", afirmou Embaló à emissora France 24, ressaltando que não sofreu violência. O veículo francês Jeune Afrique também citou o presidente relatando a prisão e apontando o chefe do Estado-Maior do Exército como líder do golpe.
A Guiné-Bissau acumula histórico de instabilidade, com quatro golpes de Estado e várias tentativas desde a independência, incluindo uma tentativa relatada no mês passado. O país é reconhecido como rota do tráfico de drogas entre América Latina e Europa.
As eleições presidenciais e legislativas ocorreram no último domingo (23). Tanto o presidente em exercício quanto o principal candidato da oposição, Fernando Dias da Costa, reivindicaram vitória na terça-feira (25), embora os resultados provisórios só fossem esperados para quinta-feira (27).
Testemunhas relataram tiros ao meio-dia desta quarta-feira nas imediações do palácio presidencial. Um jornalista da Associated Press presenciou bloqueios de estradas com soldados fortemente armados e mascarados. Fontes do governo, sob anonimato, informaram que um grupo armado tentou invadir o palácio, gerando troca de tiros com os guardas. Também houve relatos de disparos próximos à Comissão Nacional Eleitoral.
Um representante de um grupo internacional de observadores eleitorais afirmou que o chefe da comissão eleitoral foi preso e o escritório da comissão isolado pelas forças militares.
Embaló enfrentava questionamentos sobre sua legitimidade, já que a oposição alegava que seu mandato havia expirado e não o reconhecia como presidente. A Constituição do país prevê mandato presidencial de cinco anos. Embaló tomou posse em fevereiro de 2020; opositores defendem que seu mandato terminou em 27 de fevereiro deste ano, mas o Supremo Tribunal prorrogou até 4 de setembro. A eleição presidencial, contudo, havia sido adiada para este mês.
Fonte: Associated Press
Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão.
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