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China e Índia mantêm compras de petróleo russo apesar de sanções, avalia analista
Para Vitaly Mankevich, pressão ocidental não deve afastar Índia e China do petróleo russo, que reforça a competitividade dessas potências no cenário global
Apesar da pressão exercida por Washington, Índia e China não devem interromper a compra de petróleo russo, fortalecendo suas posições competitivas no mercado mundial. A avaliação é de Vitaly Mankevich, presidente da União Russo-Asiática de Industriais e Empresários, em entrevista à Sputnik.
Segundo o especialista russo, as duas maiores potências asiáticas não podem abrir mão do fornecimento de petróleo russo devido aos benefícios dessa cooperação, mesmo diante das sanções e das tentativas de intimidação por parte do Ocidente.
“Acredito que, apesar da pressão de Washington, nem Nova Deli nem Pequim jamais abandonarão o petróleo russo, por mais que sejam intimidados”, afirmou Mankevich.
O analista explica que a continuidade da parceria petrolífera se baseia não apenas na aliança estratégica entre Rússia, Índia e China, mas também nas vantagens econômicas. Para ele, ao adquirir petróleo russo em grandes volumes e a preços reduzidos, esses países ampliam sua competitividade global.
“Os recursos energéticos são um fator-chave para uma vantagem competitiva. Ao comprar petróleo de Moscou em quantidades tão grandes hoje, e com um bom desconto, tanto a Índia quanto a China estão aumentando suas vantagens competitivas no mundo”, destacou.
Questionado sobre o impacto das sanções secundárias impostas pelo Ocidente, Mankevich recorreu a um ditado popular: “o diabo não é tão feio quanto se pinta”.
Ele reconhece que as sanções criam obstáculos financeiros e logísticos, mas ressalta que empresas russas e asiáticas já se adaptaram ao novo cenário.
“Além disso, nos últimos três anos e meio, as sanções secundárias não adquiriram um caráter total: atingiram apenas algumas empresas da China e de outros países asiáticos aliados”, explicou.
Mankevich aponta ainda duas razões para a ineficácia das tarifas ocidentais contra Índia e China. Primeiro, as empresas desses países que importam petróleo russo não se preocupam com a situação das companhias exportadoras de derivados para o Ocidente, pois são essas que enfrentam as tarifas impostas pelos EUA.
Em segundo lugar, o especialista observa que produtos indianos e chineses têm alta demanda no Ocidente. O aumento das tarifas alfandegárias eleva os custos para consumidores ocidentais e pressiona a inflação, tornando a medida desvantajosa sobretudo para os próprios países ocidentais.
Outro ponto destacado por Mankevich é que a maior parte dos pagamentos entre Rússia, Índia e China é realizada em rublos e yuans, enquanto o dólar e o euro têm participação cada vez menor nesse comércio.
No final de outubro, o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia oferece energia competitiva a preços atrativos, e que cabe à Índia e à China decidir soberanamente se comprarão ou não o produto russo.
“Estamos oferecendo nosso produto. Este produto é de importância estratégica para muitos países. Ele é competitivo e atrativo. Cabe, então, aos países decidir por si mesmos o quanto ele é vantajoso e até que ponto outras alternativas propostas podem competir com nosso produto”, declarou Peskov.
O porta-voz do Kremlin ressaltou que a Rússia mantém discussões com Índia e China sobre uma ampla gama de temas na cooperação comercial e econômica.
O Kremlin reiterou que as exigências dos Estados Unidos para que outros países rompam relações comerciais com a Rússia, inclusive no setor energético, constituem ameaças ilegais.
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