O Ministério da Justiça morreu e nós vamos enterrá-lo bem enterradinho, para que o terrorismo de Estado não volte a perseguir os bolivianos, declarou o presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, durante coletiva de imprensa nesta semana.

Em tom enfático, Paz afirmou:

"Acabou o ministério da perseguição, acabou o ministério da injustiça, acabou o ministério de vender sentenças, acabou o ministério que era uma forma de chantagear a sociedade a partir do poder político. Nenhum político, seja presidente, vice-presidente, senador ou deputado — nunca mais haverá ingerência da política na Justiça"

O anúncio ocorre em meio a uma disputa pelo controle da pasta com o vice-presidente Edman Lara. Paz destituiu Freddy Vidovic do cargo de ministro da Justiça apenas 11 dias após sua posse, alegando que o ex-ministro havia sido condenado pela Justiça. Para o lugar de Vidovic, o presidente nomeou o então vice-ministro Jorge García — decisão que foi questionada por Lara, que afirma que o novo titular possui um "rosário de processos".

Segundo a imprensa local, a disputa entre Paz e Lara pelo comando do Ministério da Justiça pode impactar a gestão do governo, especialmente em um contexto de inflação acumulada de 18,33% até setembro e retração econômica de 2,40%.

Rodrigo Paz assumiu a presidência no último sábado (8), para um mandato de cinco anos, encerrando duas décadas de governo do partido de esquerda MAS. Aos 58 anos, o filho do ex-presidente Jaime Paz defende, em seu plano de governo, a estabilização econômica baseada no fortalecimento das relações com organismos internacionais e na implementação do conceito de "capitalismo para todos", que prevê menor participação do Estado na economia e estímulo ao investimento privado.

Paz também afirmou que manterá a Bolívia no Mercosul e como parceira do BRICS, mesmo com a intenção de se aproximar dos Estados Unidos.