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Análise aponta falta de clareza como obstáculo para o Brasil consolidar seu entorno estratégico

Especialistas destacam que, apesar de diretrizes em defesa, Brasil precisa avançar em ações concretas e ampliar atuação para além do setor militar

Sputnik Brasil 20/11/2025
Análise aponta falta de clareza como obstáculo para o Brasil consolidar seu entorno estratégico
Foto: © telegram SputnikBrasil / Acessar o banco de imagens

A segunda metade do século XX foi marcada pela polarização mundial entre Estados Unidos e União Soviética. Desde o fim desse período, o cenário internacional tornou-se mais complexo, com múltiplos atores disputando influência em diversas escalas. O Brasil, inserido nesse contexto, busca consolidar seu chamado entorno estratégico — conceito que abrange toda a América do Sul, o Caribe e parte da costa ocidental africana.

Desde 2008, documentos de órgãos ligados à defesa nacional ressaltam a importância dessa atuação, mas, segundo o internacionalista Augusto Teixeira Júnior, o tema não deve se restringir ao campo militar. "O entorno estratégico precisa ser considerado também nas áreas econômica, comercial e diplomática. É fundamental que essa ideia saia do papel e se traduza em políticas efetivas, para não permanecer como mera teoria", afirma.

Teixeira Júnior destaca ainda a distância entre diretrizes estratégicas e a implementação prática, inclusive na política externa. "Uma coisa é ter ideias estratégicas formalizadas em documentos; outra, bem diferente, é vê-las refletidas em políticas públicas e ações concretas", avalia.

Outro desafio apontado pelo especialista é a falta de preparo de alguns ministros da Defesa, que, por não dominarem plenamente a área, acabam não promovendo a integração necessária entre as diferentes burocracias do setor. "Em grande parte, quem pensa defesa no Brasil são os militares, que naturalmente têm suas próprias prioridades e interesses. O Ministério da Defesa ainda é frágil naquilo que deveria ser forte: gerar convergência entre essas três burocracias densas e com identidades próprias", conclui.