Uma escultura de barro com cerca de 12 mil anos, encontrada no norte de Israel, está transformando o entendimento sobre a expressão simbólica e artística do final do período epipaleolítico, segundo reportagem da revista Archaeology News.

A peça, até então inédita no sudoeste da Ásia, representa uma mulher agachada com um ganso sobre as costas, revelando um tipo de arte e narrativa que surpreendeu os arqueólogos.

"Embora tenha havido exemplos de arte paleolítica com cenas de humanos interagindo com animais, eles eram extremamente raros, e a maioria não era feita de barro. Esta nova descoberta é especial não apenas por sua idade, mas também pela complexidade da cena que captura. A estatueta tem apenas 3,7 centímetros de altura e foi moldada com barro local antes de ser aquecida em uma lareira a uma temperatura controlada", ressalta o artigo.

Exames microscópicos identificaram traços de ocre vermelho e uma impressão digital parcial do fabricante, provavelmente uma jovem, segundo os pesquisadores.

O artefato foi localizado em uma estrutura de pedra semicircular, junto a enterramentos e dentes humanos, sugerindo uma função ritualística ou espiritual para a peça.

De acordo com a publicação, a descoberta demonstra uma experimentação artística anterior ao advento da agricultura, evidenciando relações simbólicas e narrativas entre humanos e animais.

O ganso, representado de forma realista, sugere uma visão de mundo com traços mitológicos ou animistas.

O artista conseguiu criar profundidade e movimento, tornando esta a figura feminina naturalista mais antiga já registrada na região.

Segundo os especialistas, a escultura oferece valiosos insights sobre as transformações culturais que antecederam o surgimento da agricultura e dos assentamentos permanentes.