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PM absolvido pela morte de Leandro Lo deixa presídio militar em São Paulo

Henrique Otavio Oliveira Velozo foi solto após júri popular acatar tese de legítima defesa; família de campeão lamenta decisão

15/11/2025
PM absolvido pela morte de Leandro Lo deixa presídio militar em São Paulo
- Foto: Reprodução / internet

O policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, acusado de matar o campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo em agosto de 2022, foi libertado neste sábado, 15. Ele foi detido no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista.

Na noite de sexta-feira, 14, Velozo foi absolvido pelo tribunal do júri. O julgamento, iniciado na quarta-feira, 12, no Fórum Criminal da Barra Funda, terminou com os jurados acolhendo a tese de defesa legítima apresentada pelos advogados do tenente.

Leandro Lo, de 33 anos, foi baleado na cabeça durante um show no Clube Sírio, na zona sul de São Paulo, na madrugada de 7 de agosto de 2022, e morreu horas depois.

Em nota, a defesa de Velozo afirmou que, durante o julgamento, destacou provas que demonstraram que o policial agiu para se defender do lutador e destacou contradições nos depoimentos das testemunhas.

"Leandro Lo foi um grande campeão e isso precisa ser reconhecido. Mas também é necessário considerar que, infelizmente, ele foi o responsável por essa tragédia", afirmou o advogado de Velozo, Claudio Dalledone. “Com a absolvição, o tenente Henrique Velozo deixa o plenário como membro da Polícia Militar e inocente das acusações que pesavam contra ele”, completou.

Velozo foi acusado de matar Leandro Lo com um tiro na cabeça após um desentendimento entre os dois, durante o evento. Segundo testemunhas na reconstituição do crime, o policial militar foi imobilizado pelo lutador durante uma discussão, mas atirou contra o atleta assim que foi solto e, em seguida, fugiu do local.

O PM chegou a ser excluído do quadro da Polícia Militar após decisão do Tribunal de Justiça Militar (TJM). Na Justiça comum, o Ministério Público denunciou por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, emprego de meio insidioso ou cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. A rejeição foi aceita e Velozo se tornou réu.

Em setembro deste ano, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) oficializou a demissão de Velozo da corporação em publicação no Diário Oficial do Estado.

Em outubro, no entanto, uma decisão liminar do desembargador Ricardo Dip, da Justiça de São Paulo, suspendeu o decreto de demissão e reintegrou Velozo aos quadros da Polícia Militar, embora ele permanecesse sob custódia.

Os advogados de Velozo sempre sustentaram que o policial agiu em defesa legítima. Claudio Dalledone afirmou ao Estadão que a denúncia não correspondia ao que havia sido apurado no inquérito policial e que tudo seria esclarecido durante o processo judicial.

A mãe de Leandro Lo, Fátima Lo, apareceu em seu perfil no Instagram uma publicação afirmando que o campeão "não teve sua justiça feita".

"Os jurados acolheram a tese de defesa legítima e, com isso, o réu não responderá criminalmente pelo tiro que tirou a vida de um dos maiores campeões da história do esporte. Todos hoje carregam um silêncio pesado, difícil de explicar", diz o texto publicado pela família.