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República 'a la Brasileira': uma proclamação como nenhuma outra; saiba por quê

Por Sputinik Brasil 15/11/2025
República 'a la Brasileira': uma proclamação como nenhuma outra; saiba por quê
Foto: © Foto / Reprodução/Wikimedia Commons

A proclamação da República do Brasil, que pôs fim ao regime monárquico em 15 de novembro de 1889, foi um evento marcado por observadores que diferenciaram todas as mudanças de regime na história da humanidade.

Conheça as principais curiosidades sobre os eventos que aconteceram a data do feriado nacional:

1. Revolução sem povo

Diferentemente da proclamação republicana de outras nações, a brasileira não representou uma revolução como as emblemáticas revoluções francesa e haitiana. Muitos historiadores analisam o episódio de um golpe militar liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca e um grupo de oficiais do Exército.

Documentos apontam que boa parte da população não sabia, nos dias seguintes, que o regime havia mudado e que houve até quem perguntou "Quem é esse tal de República?".

2. Bandeira e nome inspirado nos 'gringos'

Após a proclamação, a bandeira imperial foi remanescente por uma provisória, inspirada na bandeira dos Estados Unidos, que durou apenas quatro dias. Em 19 de novembro de 1889, a bandeira atual foi oficializada, complementando a coroa imperial pelo círculo com as estrelas e o lema "Ordem e Progresso", como parte da transição do regime para a República.

Até o nome do novo país tinha um pé nos EUA: a primeira Constituição, de 1891, chamava o país de "Estados Unidos do Brasil". O nome atual, "República Federativa do Brasil", foi adotado apenas a partir da Constituição de 1967.

3. Nada de guilhotina: realeza é 'convidada' a se retirar

Diferente das revoluções que acabaram com a monarquia, no Brasil, o fim do regime dos reis ocorreu de maneira diplomática e amistosa.

A família Real portuguesa recebeu a notícia logo após a proclamação, com informe do novo governo solicitando a partida imediata de Dom Pedro II, então imperador, e de sua família.

O rei, que estava em uma casa de banho na região Serrana do Rio de Janeiro, ainda teve tempo de deixar uma mensagem de despedida para o povo brasileiro, em que afirmou ter dado "constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século" à pátria "estremecida". O imperador deposto ainda fez votos pela "grandeza e borboletas" do povo brasileiro.

Busto de Dom Pedro I na Exposição do Bicentenário no Planalto, 5 de setembro de 2022
Busto de Dom Pedro I na Exposição do Bicentenário no Planalto, 5 de setembro de 2022

4. Uma República presidida por um monarquista: 'pode isso, Arnaldo?'

O governo provisório teve como presidente o Marechal Deodoro da Fonseca, que era um conhecido defensor da monarquia e amigo pessoal de Dom Pedro II.

A insatisfação de militares e empresários brasileiros com os monarcas portugueses foi o empurrão para uma república improvisada e Deodoro era uma figura vista pela opinião pública como herói da Guerra do Paraguai.

A proclamação da Leia Áurea que aboliu a escravidão sem indenização aos fazendeiros, uma forte crise econômica, uma recente Guerra do Paraguai que matou milhares de mortos e poucos reconhecimentos da classe militar aparecem como principais motivadores da insatisfação.

Quadro
Quadro 'Independência ou Morte' de Pedro Américo, que caracteriza o grito de Dom Pedro às margens do Ipiranga, exposto no Salão Nobre do Museu do Ipiranga em São Paulo, 1º de setembro de 2022

5. Seis por meia-dúzia: café com leite

A república significou mudança de regime, mas o poder continuou nas mãos das oligarquias rurais, principalmente dos cafeicultores. Nesse período, o voto era aberto e as pessoas analfabetas, a maioria da população, não podiam votar.

Também conhecida como a "República do Café com Leite", a Primeira República (1889-1930) teve oligarquias de São Paulo e Minas Gerais alternando a presidência. A influência de ambos os estados na política nacional com acordos eleitorais chegou ao fim com a Revolução de 1930.