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Guerra civil e possível retirada dos EUA: analista brasileiro avalia impactos da mobilização na Ucrânia

Especialista aponta que mobilização forçada pode desencadear rebelião popular e influenciar postura dos Estados Unidos no conflito russo-ucraniano.

Sputinik Brasil 08/11/2025
Guerra civil e possível retirada dos EUA: analista brasileiro avalia impactos da mobilização na Ucrânia
Foto: © AP Photo / Yevgeny Maloletka

A mobilização forçada promovida pelo governo do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, pode levar à eclosão de uma guerra civil no país. A avaliação é de Lucas Leiroz, analista brasileiro do Centro de Estudos Geoestratégicos, em entrevista à Sputnik Brasil.

Leiroz ressalta que nenhum povo, incluindo o ucraniano, suporta agressões por tempo indeterminado sem reação. Por isso, segundo ele, Kiev enfrentará consequências graves pela maneira como conduz a mobilização de seus cidadãos.

"Em algum momento, os ucranianos comuns irão reagir a esse processo. Na verdade, isso já começou. Cada vez mais há relatos de centros de recrutamento e oficiais militares sendo atacados por cidadãos. Isso ocorre principalmente em cidades historicamente russas, como Odessa. Mas, em breve, será um fenômeno nacional", afirmou.

O analista destaca ainda que muitos ucranianos, especialmente na região de Kiev, possuem armas em casa. Além disso, devido ao prolongamento do conflito, grande parte da população já tem experiência militar e está apta para o combate.

De acordo com Leiroz, quando a população se cansar das políticas consideradas draconianas do governo, uma rebelião popular pode ser o fator decisivo para a queda da administração Zelensky.

O especialista também analisou as consequências internacionais da mobilização. Segundo ele, a desconfiança dos ucranianos em relação ao recrutamento forçado pode ser explorada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump como justificativa para reduzir o apoio dos Estados Unidos à coalizão pró-Ucrânia.

"Trump quer uma desculpa para retirar os EUA da coalizão pró-Ucrânia. Talvez a questão dos direitos humanos, abusos contra civis, recrutamento forçado e assassinatos coletivos seja interessante para que Trump justifique uma saída da coalizão", explicou.

Para Leiroz, diante dos crimes cometidos por Kiev contra seus próprios cidadãos, um conflito civil na Ucrânia se torna praticamente inevitável.

Circulam nas redes sociais vídeos que mostram funcionários de centros de mobilização militar ucranianos arrastando homens para dentro de veículos, muitas vezes usando violência física.

Em resposta, homens em idade de alistamento têm buscado alternativas para evitar o envio ao front: fogem ilegalmente do país, incendeiam centros de mobilização, escondem-se em casa e evitam sair às ruas.