Geral
Taxas de juros curtas sobem após Copom adiar expectativa de cortes na Selic
Tom conservador do Banco Central reduz apostas para início do ciclo de flexibilização monetária e pressiona contratos de juros futuros de curto prazo
Os juros futuros negociados na B3 encerraram esta quinta-feira, 6, em alta mais acentuada nos trechos curtos da curva, impulsionados pelo tom conservador do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O comunicado da autarquia esfriou as expectativas mais otimistas para o início do ciclo de cortes da Selic.
Os vencimentos intermediários e longos, que iniciaram o dia em queda, passaram a registrar leve alta durante a tarde, em movimento considerado contido por analistas e possivelmente relacionado a ajustes técnicos. Em contrapartida, a queda dos rendimentos dos Treasuries e a estabilidade do câmbio contribuíram para limitar uma abertura mais expressiva da curva a termo.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 avançou de 13,838% para 13,880%. O DI para janeiro de 2029 subiu de 13,069% para 13,080%, enquanto o DI para janeiro de 2031 passou de 13,369% para 13,375%.
No comunicado divulgado após a decisão de quarta-feira, 5, de manter a Selic em 15%, o Copom trouxe mudanças consideradas sutis em relação ao documento anterior, mas frustrou parte do mercado que aguardava a retirada do advérbio "bastante" do termo "prolongado" — sinalização do tempo em que a taxa básica deve permanecer no patamar atual.
O comitê demonstrou confiança na desaceleração da atividade econômica e avaliou que a manutenção dos juros em nível restritivo será suficiente para a convergência da inflação à meta de 3%. Ainda assim, reconheceu que tanto a inflação cheia quanto as medidas subjacentes seguem desancoradas em relação à meta, e que o mercado de trabalho permanece dinâmico.
“O BC ainda vê a necessidade de a Selic permanecer em 15% por um tempo bastante prolongado, o que provoca um novo equilíbrio de probabilidades à frente, esvaziando as chances de corte no primeiro trimestre de 2026, ainda que esta permaneça com probabilidade dominante, e aumentando as chances de o ciclo iniciar no segundo trimestre”, avalia Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset.
Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe da EPS Investimentos, a precificação da curva a termo mostra que os cortes previstos para janeiro de 2026 recuaram de 12 pontos-base pela manhã para 9 pontos-base por volta das 15h30. Na véspera, a redução implícita era de 14 pontos-base.
“As mudanças no comunicado foram sutis, mas indicam um Copom mais comprometido em trazer a inflação ao centro da meta, sinalizando que a Selic deve permanecer elevada por período prolongado”, afirma Rostagno. Ele mantém a projeção de início da flexibilização monetária em janeiro do próximo ano, mas destaca que o comunicado do Copom foi o principal fator para a alta dos juros futuros curtos nesta quinta-feira.
Laís Costa, analista de renda fixa da Empiricus Research, concorda: “Não houve nenhum driver relevante para as curvas, à exceção do Copom, e o movimento nos juros longos me pareceu bem marginal. O comunicado de quarta do Copom ‘limpou’ as estimativas mais otimistas de queda dos juros”.
Nos vértices intermediários e longos, Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset, não identificou catalisadores para a leve alta dos DIs nesta quinta, atribuindo o movimento a possíveis ajustes técnicos. “Não há outras notícias no radar, salvo o Copom. Pode ser ajuste técnico”, avalia.
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