Geral
Diretor do Fed defende cortes mais rápidos e alerta para falta de consenso no FOMC
Stephen Miran propõe redução de juros em ritmo mais acelerado, destaca divergências no Comitê e vê riscos de manter política restritiva com inflação em queda
O diretor do Federal Reserve (Fed), Stephen Miran, defendeu uma trajetória mais rápida para o corte de juros dos Estados Unidos em entrevista ao podcast Monetary Matters, do analista Jack Farley, publicada nesta terça-feira. Miran afirmou que o banco central norte-americano deveria reduzir a taxa básica em incrementos de 50 pontos-base (pb) até atingir o nível considerado neutro, ou seja, aquele que não estimula nem restringe a economia.
"Quero chegar à neutralidade em cortes de 50 pontos-base. Muitos dos meus colegas preferem 25 pb, mas não vejo motivo para irmos tão devagar", afirmou o diretor.
Conhecido por defender cortes mais amplos em reuniões anteriores, Miran também rejeitou a possibilidade de um movimento mais drástico: "Não precisamos de um corte de 75 pontos, não há nada que precise ser compensado".
Segundo Miran, não há consenso no Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) nem sobre a necessidade de cortes adicionais. Para ele, "não se trata de compensar terreno perdido, mas de ajustar o compasso da política monetária ao ritmo real da economia".
O diretor argumentou que a inflação nos Estados Unidos reflete, em grande parte, dados defasados sobre aluguéis e serviços, e que o núcleo inflacionário já mostra sinais de moderação. Ele ressaltou que boa parte dos indicadores usados pelo Fed ainda apresenta distorções estatísticas, como componentes "imputados" que não correspondem a preços efetivamente pagos pelas famílias.
De acordo com Miran, a taxa neutra caiu de forma acentuada em 2024, e a política monetária permanece "mais restritiva que o necessário". "Estamos correndo riscos desnecessários de desaceleração e fragilidade no mercado de trabalho ao manter juros nesse patamar", destacou.
Apesar de adotar uma postura considerada dovish, Miran negou temer uma recessão. "Não acho que há um grande perigo à frente. Apenas não vejo razão para manter uma postura tão contracionista quando a inflação está no caminho certo", explicou.
Corte em dezembro
Miran projeta um novo corte de juros em dezembro, dando continuidade ao processo de flexibilização monetária iniciado no segundo semestre deste ano. "Espero que cortemos em dezembro. É a decisão certa, a política adequada neste momento", declarou.
O diretor avaliou que a economia norte-americana segue sólida, mas apresenta sinais claros de desaceleração gradual do emprego. "O mercado de trabalho está se deteriorando de forma lenta, não acelerada. Há moderação salarial e menos dificuldade das empresas em preencher vagas", observou.
Segundo ele, dados alternativos de emprego — utilizados durante a suspensão de estimativas oficiais pelo shutdown — confirmam uma tendência de enfraquecimento da demanda por mão de obra.
Miran reforçou que o Fed precisa evitar manter os juros em níveis que provoquem uma "contração desnecessária" da economia ou uma "desaceleração mais forte que o previsto". O diretor acrescentou que o atual ritmo de 25 pontos-base por reunião é "prudente", mas insuficiente para levar a taxa rapidamente à neutralidade. "Prefiro chegar lá de forma eficiente, com 50 pb", concluiu.
Mais lidas
-
1DEFESA E TECNOLOGIA
Caça russo Su-35S é apontado como o mais eficiente do mundo, afirma Rostec
-
2VIDA PROFISSIONAL
Despedida de William Bonner: dicas de Harvard para equilibrar trabalho e vida pessoal
-
3ABUSO DE AUTORIDADE E AMEAÇA
Escândalo em Alagoas: Secretário Julio Cezar ameaça usar o poder do Estado contra subtenente do Exército
-
4INSPIRAÇÃO NA VIDA REAL
Ator de 'Tremembé' revela inspiração para personagem Gal
-
5TV E ENTRETENIMENTO
'Altas Horas' recebe Ludmilla e Arnaldo Antunes neste sábado