Geral

Excesso de energia obriga ONS a cortar 37% da produção de eólicas e solares em outubro e impõe novo recorde

ONS intensifica cortes ('curtailments') na geração de fontes renováveis para evitar sobrecarga no sistema elétrico nacional. Empresas do setor acumulam prejuízos milionários.

Agência O Globo - 06/11/2025
Excesso de energia obriga ONS a cortar 37% da produção de eólicas e solares em outubro e impõe novo recorde
- Foto: © Divulgação/Ari Versiani/PAC/Agência Brasil

Usinas eólicas e solares tiveram 37% de seu potencial de geração cortado em outubro, estabelecendo um novo recorde para o setor. De acordo com levantamento da Volt Robotics, este é o terceiro mês consecutivo, desde agosto, em que o Brasil registra recordes nas reduções forçadas de geração de energia.

Em outubro, as usinas solares deixaram de escoar mais de 1,3 mil GWh, resultando em perdas estimadas em R$ 192 milhões. No caso das eólicas, os cortes chegaram a 37,1%, com quase 4,6 mil GWh não aproveitados e prejuízos de R$ 741 milhões. No total, 5,9 mil GWh deixaram de ser gerados apenas no mês.

A situação é conhecida como curtailment, termo em inglês utilizado para descrever a redução forçada da geração de energia. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisa equilibrar, em tempo real, a quantidade de energia produzida com a demanda do país. Por isso, em momentos de alta incidência de sol e vento, a produção pode superar a demanda, exigindo a interrupção parcial das usinas para evitar sobrecarga no sistema.

Esse cenário se agravou em 2023, levando os cortes de geração renovável a representarem 20,4% de toda a produção que poderia ter sido realizada entre janeiro e outubro, segundo a Volt Robotics. Como consequência, os prejuízos das empresas do setor se multiplicaram ao longo do ano.

Em outubro, os estados mais afetados pelos cortes foram Rio Grande do Norte (43,8%), Ceará (34,9%) e Minas Gerais (30,8%).

Desequilíbrio no sistema

Parte do problema está associada ao rápido crescimento da micro e minigeração distribuída — sistemas de produção de energia instalados em telhados ou fazendas solares. Diferentemente das usinas centralizadas, o ONS não tem controle direto sobre a energia injetada por esses sistemas, o que pode contribuir para a necessidade de cortes nos parques centralizados.

Além disso, a falta de linhas de transmissão adequadas para escoar toda a produção agrava o desequilíbrio entre oferta e demanda. Nesse cenário, as usinas de fontes intermitentes, como eólicas e solares, são as mais impactadas pelos cortes.