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Temática afro-brasileira marca primeira edição do Projeto Ginga

Inscrições podem ser feitas até a próxima segunda (10) e são abertas à comunidade em geral

06/11/2025
Temática afro-brasileira marca primeira edição do Projeto Ginga

O Instituto de Educação Física e Esporte (Iefe) da Unidade Federal de Alagoas (Ufal) promoverá, nos dias 14, 17, 18 e 19 deste mês, várias ações que objetivam trazer consciência da influência positiva, mostrar a beleza, a força, a grandeza da cultura afro-brasileira, da cultura afro-alagoana e até mesmo da cultura periférica com seus jogos e brincadeiras. Denominado de Projeto Ginga, a primeira edição da atividade acadêmica está com inscrições abertas até a próxima segunda-feira (10).

Para se inscrever ou ter acesso aos oficineiros e palestrantes, basta acessar o  Instagram do evento que conta com  todas as informações

O projeto está sob a coordenação do professor Ícaro Raphael Souza dos Santos e faz parte da disciplina AC3 que tem como objetivo organizar um curso ou um evento como atividade curricular de extensão, junto com os alunos que cursam a citada disciplina, voltado para a comunidade acadêmica e a sociedade civil. Transcorre em dois momentos: no dia 14, visita à Serra da Barriga; nos dias 17, 18 e 19, o Campus A.C. Simões, em Maceió, centralizará as demais atividades do projeto.

“O Ginga é destinado à comunidade acadêmica e à sociedade civil. É um projeto que vem romper com o processo hegemônico eurocentrado e confrontar o racismo em todas suas facetas, buscando entender a contribuição dos povos africanos, em África e na diáspora, assim como a contribuição dos povos ameríndios para a construção de uma cultura corporal brasileira que, muitas vezes, não é valorizada, mas marginalizada e subjugada”, destaca  Ícaro, que está como professor substituto no Iefe.

Programação

Igor afirma que a ida à Serra da Barriga, conforme a programação do dia 14, tem a finalidade de proporcionar conhecimento. “Muitos alunos não conhecem a Serra. Portanto, é uma oportunidade de conhecer esse território sagrado símbolo de tanta luta e resistência”. 

Já no dia 17, a partir das 13h30, está definida a mesa-redonda no auditório do Centro de Educação (Cedu), que abordará os seguintes temas: formando professores antirracistas, saúde da população negra, saúde mental e racismo, e racismo no esporte. 

Nos dias 18 e 19, durante os dois horários (manhã e tarde), o projeto tem como local o Iefe e a programação contempla três atividades: Oficina de movimento afro-brasileiro (capoeira, maculelê, maracatu, dança afro, hip-hop e Mc); Oficina da cultura afro-alagoana (coco de roda e quadrilha); e Oficina de brincadeira de rua (cabo de guerra, festival de travinha e quadrado).

Fato histórico e conhecimento

 Ao fazer uma breve retrospectiva histórica, citando dados do IBGE, o professor Igor Raphael diz que, na América, o Brasil foi o país que mais traficou escravizados africanos. “Estima-se que vieram cerca de 6 milhões de homens, mulheres e crianças, de diversas etnias e regiões, entre os séculos XVI a XVIII”.

Na explicação sobre a concepção da ação acadêmica, reforçando o que o Ginga representa, o professor enfatiza com a citação do pesquisador Lopes (2011): “As expressões negras que nasceram aqui no Brasil foram ou são reprimidas e fingem que morrem para então ressurgir mais à frente e ainda mais fortes. Foi e é assim. E ‘comendo pelas beiradas’, ‘roendo que nem cupim’, de um jeito mandigado, jogo de dentro e jogo de fora, é necessário cada vez afirmar que a cultura do movimento brasileiro tem em sua gênese na expressão africana, ameríndia e afro-brasileira”. Ele aproveita para complementar: “Em sua grande parte,  a comunidade acadêmica e sociedade civil só conhecem a história do povo negro pela ótica da escravização. E não podemos negar este fato”. 

E ressalta: “O projeto Ginga – nossos corpos, nossos territórios, nossos movimentos, tem também o objetivo de estudar e promover rodas de conversa, oficinas e vivências de movimentos afro- brasileiros, trazendo um novo panorama da cultura afro-brasileira, valorizando, preservando essas tecnologias e memórias, tudo isto por meio do movimento. Essa é a primeira edição a se realizar. Espero que seja a primeira de muitas que se seguirão”, diz o professor Ícaro. 

O docente destaca que tudo no evento busca evocar a memória e a relevância da cultura negra. Em relação ao símbolo do projeto, explica: “Tem como símbolo uma máscara que representa força, coragem e resistência, bem como um símbolo Adrinka Sankofa, que significa ‘voltar e pegar’. Este, representado por uma ave, com pés firmes no chão, olhando para trás e segurando um ovo no bico, demonstrando que, para construirmos um futuro, é necessário conhecer e nunca se esquecer do passado”.