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Para dirigente do Fed, inflação nos EUA não deve retornar à meta de 2% nos próximos dois anos

Beth Hammack, presidente do Fed de Cleveland, avalia que a inflação americana seguirá acima da meta no curto prazo e destaca desafios para a política monetária diante de mudanças estruturais como a inteligência artificial.

06/11/2025
Para dirigente do Fed, inflação nos EUA não deve retornar à meta de 2% nos próximos dois anos
- Foto: Reprodução

Beth Hammack, presidente do Federal Reserve (Fed) de Cleveland, afirmou nesta quinta-feira (6) que a inflação dos Estados Unidos dificilmente retornará à meta de 2% nos próximos dois anos. A declaração foi feita durante uma rodada de perguntas e respostas no Clube Econômico de Nova York.

Segundo Hammack, a inflação americana "vai além da pressão tarifária" e, por isso, ela se mostra apreensiva em relação à política monetária atual. "A maior 'falta' do Fed está no que diz respeito à inflação em relação à meta de geração de empregos", avaliou, ressaltando ainda que a ausência de dados oficiais — suspensos devido ao shutdown — dificulta a análise do cenário econômico, embora existam outros indicadores confiáveis.

Para a dirigente, o Federal Reserve está próximo da chamada taxa neutra de juros, mas o momento é "desafiador" para os formuladores de política monetária. Hammack defendeu que o Fed deve manter uma postura restritiva por ora.

Ao comentar o mercado acionário, ela destacou o otimismo em torno da inteligência artificial (IA), alertando para o risco de uma supervalorização do setor, em um movimento semelhante ao observado durante a expansão da internet. "A IA é uma mudança econômica estrutural que não se adapta bem a mudanças de política monetária", frisou.

Hammack afirmou não acreditar que a tecnologia substituirá o trabalho humano, mas reconheceu seu impacto positivo na produtividade.

A presidente do Fed de Cleveland, que é membro suplente das reuniões do banco central, ponderou que "algum nível" de volatilidade no mercado monetário é aceitável. Ela também mencionou relatos sobre uma "economia em duas velocidades", em que as classes de renda mais baixa enfrentam dificuldades, enquanto o consumo é impulsionado pelos americanos de renda mais alta.