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Itamaraty confirma que crise entre Venezuela e EUA será tema da cúpula Celac-UE

Evento em Santa Marta, na Colômbia, pode ser esvaziado por ausência de líderes europeus; Lula decide participar de última hora

06/11/2025
Itamaraty confirma que crise entre Venezuela e EUA será tema da cúpula Celac-UE
- Foto: Reprodução

O deslocamento de forças militares dos Estados Unidos para o Caribe e a crescente tensão com a Venezuela estarão em pauta na cúpula Celac-União Europeia, que acontece neste fim de semana em Santa Marta, na Colômbia. O evento corre o risco de ter participação reduzida, sobretudo devido à ausência de representantes europeus.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu de última hora comparecer ao encontro. Lula deve embarcar na noite de sábado (8) ou na manhã de domingo (9), retornando no mesmo dia. Já na segunda-feira (10), ele estará em Belém para a abertura da COP30.

A secretária para América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Gisela Padovan, lamentou a ausência de chefes de Estado na cúpula, mas ressaltou que isso não necessariamente representa um gesto político dos países ausentes.

"Não faria uma leitura automática de que, por ter menos gente, há um gesto político. Reconhecemos que existe polarização e dificuldades entre países, mas há muitas circunstâncias envolvidas. Por exemplo, os chefes de Estado da Argentina e do Paraguai vão à posse do presidente da Bolívia", explicou Padovan, em entrevista à imprensa no Itamaraty nesta quinta-feira (6).

Ela acrescentou: "Lamento que os chefes de Estado estejam próximos e não compareçam, mas há outras circunstâncias".

Padovan esclareceu que a reunião, marcada para os dias 9 e 10 de novembro em Santa Marta, não foi convocada especificamente por causa da tensão envolvendo a Venezuela, mas reconheceu que o tema será debatido. "A reunião não foi convocada por isso, mas é natural que um tema que preocupa países da região seja tratado. Não sei se a questão envolvendo a Venezuela entrará na declaração final ou não; o foco inicial é a cooperação regional, e não a questão geopolítica mundial", afirmou.

Sobre a possibilidade de o Brasil atuar como interlocutor entre Estados Unidos e Venezuela, como ocorreu no primeiro mandato de Lula, a embaixadora reforçou que isso só acontecerá se houver solicitação formal dos dois países. "O Brasil sempre se coloca como possível interlocutor. Estamos à disposição porque somos vizinhos relevantes, temos profundos interesses na Venezuela e precisamos dialogar com todos. Mas não podemos agir sem sermos solicitados", concluiu.