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Banco da Inglaterra mantém juros em 4% após decisão dividida

Comitê vota por estreita margem pela manutenção da taxa básica, enquanto projeções indicam cortes graduais até 2028

06/11/2025
Banco da Inglaterra mantém juros em 4% após decisão dividida
- Foto: Reprodução

O Banco da Inglaterra (BoE) decidiu manter a taxa básica de juros em 4% nesta quinta-feira, 6, em uma votação apertada: cinco membros do Comitê de Política Monetária (MPC) optaram pela manutenção, enquanto quatro defenderam um corte de 25 pontos-base, para 3,75%. Os votos favoráveis à redução partiram de Sarah Breeden, Swati Dhingra, Dave Ramsden e Alan Taylor.

Segundo comunicado do BoE, a decisão reflete a avaliação de que a inflação do índice de preços ao consumidor (CPI) já atingiu seu pico. No entanto, o Comitê considera necessário obter "mais evidências de que a inflação está no caminho para retornar à meta de 2%" antes de realizar novos cortes na taxa.

O Banco avaliou que o processo de desinflação subjacente prossegue, sustentado por uma postura monetária "ainda restritiva". Essa dinâmica se manifesta na desaceleração dos salários e na moderação dos preços de serviços.

Apesar disso, a instituição destacou que "o risco de maior persistência inflacionária tornou-se menos acentuado recentemente", ao passo que "o risco para a inflação de médio prazo decorrente de uma demanda mais fraca tornou-se mais evidente". Com isso, o balanço de riscos está "mais equilibrado".

O Comitê reiterou que a extensão de novos cortes dependerá da evolução das perspectivas para a inflação. "Se o progresso da desinflação continuar, a taxa básica deve seguir um caminho gradualmente descendente", aponta o relatório.

Desde agosto de 2024, o BoE já reduziu os juros cinco vezes, mas ponderou que as taxas "ainda permanecem suficientemente elevadas para assegurar que a inflação retorne à meta e permaneça nesse nível".

Projeções

O Banco da Inglaterra projeta que a economia do Reino Unido crescerá 1,4% em 2026, ante previsão anterior de 1,3%. O ritmo deve acelerar para 1,7% em 2027 e 1,8% em 2028. Conforme o relatório de política monetária de novembro, a inflação deve cair para 3,2% no primeiro trimestre de 2026, aproximar-se de 2,5% no fim do próximo ano e atingir a meta de 2% no segundo trimestre de 2027, mantendo-se próxima desse nível até 2028.

As projeções consideram dois cortes de juros até o fim de 2026, levando a taxa básica de 4% para cerca de 3,5%, estável em torno desse patamar até 2028. O desemprego é estimado em 5% nos próximos dois anos, com leve recuo para 4,9% em 2027 e 4,7% em 2028, refletindo o enfraquecimento do mercado de trabalho.

O BoE reforçou que "o risco de maior persistência inflacionária tornou-se menos acentuado recentemente", enquanto "o risco de inflação mais fraca devido à menor demanda tornou-se mais evidente". A autoridade monetária destacou que a atividade econômica segue contida e que a folga crescente na economia tem ajudado a reduzir pressões de preços.

Novos cortes de juros dependerão do cenário inflacionário

O Comitê de Política Monetária reiterou que novas reduções na taxa básica dependerão da evolução das perspectivas para a inflação e que "mais evidências são necessárias" de que o índice caminha de forma sustentada rumo à meta antes de prosseguir com cortes adicionais.