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EUA inserem 'pílulas venenosas' em acordos asiáticos para conter avanço da China
Cláusulas inéditas em tratados com Malásia e Camboja buscam limitar influência chinesa e proteger interesses estratégicos dos Estados Unidos, segundo o Financial Times.
A administração do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluiu chamadas "pílulas venenosas" nos recentes acordos comerciais firmados com a Malásia e o Camboja, ambos integrantes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em uma estratégia para conter o avanço da China na região, conforme reportou o jornal Financial Times.
De acordo com a publicação, a Casa Branca adicionou cláusulas de rescisão aos tratados, criando um novo instrumento diplomático na disputa estratégica com Pequim.
Essas disposições permitem que os Estados Unidos encerrem unilateralmente os acordos caso algum dos países asiáticos assine pactos concorrentes considerados contrários aos "interesses significativos dos EUA" ou que representem uma "ameaça substancial" à segurança norte-americana.
O artigo destaca que tais cláusulas, descritas como extremamente incomuns e abrangentes, funcionam como um "teste de lealdade" para nações menores que mantêm relações comerciais próximas tanto com Washington quanto com Pequim. O mecanismo pode influenciar futuras negociações comerciais dos EUA no Sudeste Asiático.
"Trata-se dos EUA protegendo sua força de acesso ao mercado por meio desses acordos para tentar remodelar a 'fábrica asiática' que foi desenvolvida nas últimas décadas", afirma a publicação.
Na prática, as cláusulas com "pílulas venenosas" transformam acordos que deveriam visar apenas o comércio em ferramentas para controlar a política econômica externa dos países parceiros.
Nesse contexto, o jornal ressalta que as recentes medidas de Washington refletem a preocupação dos EUA diante das tentativas chinesas de dominar as cadeias regionais de suprimentos.
Segundo o Financial Times, o objetivo central dessas ações é evitar que produtos chineses entrem no mercado americano por meio dos países da ASEAN.
Vale lembrar que Estados Unidos e China vivem uma intensa guerra comercial. O conflito teve início quando o então presidente norte-americano impôs, em fevereiro, uma tarifa inicial de 10% sobre todas as importações de produtos chineses.
A tensão aumentou rapidamente: em março, a tarifa subiu para 20% e, após uma série de retaliações mútuas, os EUA passaram a tributar certos produtos chineses em até 145%. Em resposta, a China impôs tarifas de até 125% sobre uma gama de importações norte-americanas.
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