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Apostas de corte da Selic em março de 2026 ganham força após postura conservadora do Copom

Decisão do Banco Central de manter juros em 15% e tom cauteloso do comunicado adiam expectativas de redução da taxa básica para o próximo ano

06/11/2025
Apostas de corte da Selic em março de 2026 ganham força após postura conservadora do Copom
- Foto: Reprodução

Os juros futuros registram ajustes nesta quinta-feira, refletindo o tom conservador do comunicado divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A sinalização deve pressionar as taxas mais curtas para cima, provocando uma desinclinação na curva de juros. Em decisão unânime, o BC manteve a Selic em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva e reforçou, no comunicado, a intenção de manter a taxa em seu nível atual por um "período bastante prolongado".

O recuo dos rendimentos dos Treasuries pode contribuir para aliviar a ponta longa da curva de juros. A agenda do dia inclui leilões do Tesouro de LTN e NTN-F às 11h e a divulgação dos dados da balança comercial de outubro às 15h.

Com esse cenário, a curva de juros deve eliminar qualquer precificação de corte da Selic em dezembro, enfraquecendo as apostas para janeiro e direcionando as atenções do mercado para a reunião de março.

"O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado", destacou o comunicado do Copom.

O Rabobank mantém seu cenário-base para o início de um ciclo de cortes da Selic apenas a partir do segundo trimestre de 2026.

Para o Citi, o comunicado aponta para uma autoridade monetária "ainda mais comprometida" com o objetivo de levar a inflação à meta de 3%, mas o banco segue prevendo que o Copom comece a reduzir a Selic em janeiro de 2026.

Já o Daycoval avalia que a probabilidade de corte de juros em janeiro ficou pequena. O Barclays ressalta que o comitê não parece mais ter dúvidas sobre a suficiência da taxa básica atual para a convergência da inflação à meta.

A B.Side Investimentos afirma que o comunicado representou um "balde de água fria" para quem esperava qualquer sinal de flexibilidade. Para a XP, o Copom reconhece a melhora do cenário inflacionário, mas adota postura bastante cautelosa.

Em paralelo, os aluguéis residenciais registraram alta de 0,57% em outubro, após avanço de 0,30% em setembro, segundo o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O índice acumula alta de 5,58% nos 12 meses encerrados em outubro, ante 4,04% nos 12 meses anteriores.