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Funai vai propor assentamento de pequenos agricultores na região serrana do Bálsamo

Cinara Corrêa 06/11/2025
Funai vai propor assentamento de pequenos agricultores na região serrana do Bálsamo

O coordenador da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Alagoas, professor Cícero Albuquerque, declarou neste fim de semana que o movimento indígena tem preocupação com a situação dos “pequenos posseiros” atingidos pelo processo de homologação da demarcação do território Xukuru-Kariri, em Palmeira dos Índios.


“Nossa compreensão é que o governo federal, através do INCRA, e o governo estadual, através do ITERAL, construam um projeto de assentamento para eles. Indicamos, por exemplo, que o projeto de irrigação desenhado anteriormente na região do Bálsamo deve ser retomado e ampliado em benefício dessas famílias que, além de indenizadas em suas benfeitorias, devem ser promovidas noutro espaço”, afirmou.


Segundo Albuquerque, durante a última ida a Brasília, em setembro, a Funai recebeu garantia de que não faltarão recursos para indenizar as benfeitorias dos agricultores. “Esse processo começará ainda este ano e prossegue em 2026”, declarou o coordenador.


Ele explicou ainda que a comissão de pagamento virá de Brasília e que a prioridade será indenizar as áreas de posseiros que passaram por processo de retomada e estão ocupadas por indígenas. “Depois disso virão as outras. Não sei precisar exatamente quantas são. Recebemos da Funai que há recursos para todas as indenizações”, disse.


De acordo com os dados informados, o processo envolve cerca de 400 propriedades e pouco mais de 2.500 pessoas, número real que contrasta com as estimativas de 10 mil habitantes amplamente divulgadas por grandes proprietários rurais.


A proposta apresentada sugere que, na região do Bálsamo, cada agricultor reassentado receba área proporcional à que possuía antes, em um território fértil e de abundância hídrica — o que, segundo a própria Funai, facilitará a adaptação e a retomada das atividades produtivas das famílias.


Com essa iniciativa, o governo busca garantir a indenização justa e o reassentamento pacífico, permitindo que tanto indígenas quanto pequenos agricultores possam coexistir em harmonia, sob o mesmo céu generoso que cobre a Canaã alagoana do Bálsamo.


Canaã de Palmeira dos Índios: a terra prometida do bálsamo


A região do Bálsamo, em Palmeira dos Índios, ressurge como símbolo de esperança e recomeço. Rica em água, fértil e abençoada por uma natureza generosa, essa área serrana carrega um potencial que transcende a geografia: ela representa a possibilidade concreta de conciliar justiça social, paz no campo e desenvolvimento sustentável.


Com mais de 8 quilômetros de espelho d’água formados pela Barragem do Bálsamo, a região guarda nas suas margens o mesmo espírito de abundância que, na Bíblia, inspirou a travessia de Moisés rumo à Terra Prometida. Guardadas as proporções, o Bálsamo é a Canaã palmeirense — um lugar onde a água jorra, a terra é fértil e o homem pode plantar o seu futuro com dignidade.


Enquanto o país assiste, muitas vezes de longe, aos impasses da demarcação indígena, Palmeira dos Índios vê nascer uma proposta de conciliação e humanidade: o assentamento dos pequenos agricultores que hoje vivem o dilema de deixar as terras onde construíram suas histórias. Que esse solo abundante e bendito possa abrigar, novamente, sonhos e esperanças — não como compensação, mas como renascimento.


O Bálsamo tem tudo para ser o cenário de um novo capítulo da convivência entre povos e comunidades — indígenas e agricultores — que, se olharem na mesma direção, podem transformar o que antes foi conflito em exemplo de justiça e prosperidade para Alagoas.