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Integrante do Comando Vermelho investigado após 'intercâmbio' para aprender táticas de guerra na Ucrânia
Polícia Civil do Rio de Janeiro apura viagens de traficante à Europa para treinamento em técnicas de combate, com uso de drones e armamentos pesados inspirados em zonas de conflito
Um integrante do Comando Vermelho (CV) está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por realizar um 'intercâmbio' na Ucrânia, país em guerra com a Rússia desde 2022, para aprender técnicas de combate militar.
O paradeiro de Philippe Marques Pinto, de 29 anos, permanece incerto. Segundo a Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Polícia Civil, as táticas adquiridas por ele, consideradas de natureza terrorista, poderiam ser empregadas contra forças de segurança brasileiras. A defesa de Philippe não foi localizada pelo Estadão.
De acordo com a polícia, Marques Pinto tem ligação com o traficante Antonio Hilário Ferreira, o Rabicó, uma das principais lideranças do CV e chefe do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ).
As investigações apontam que o integrante do CV viajou ao menos três vezes para a Europa desde o início do conflito na Ucrânia. Em todas as ocasiões, embarcou do Aeroporto do Galeão, no Rio, com destino a Lisboa, Portugal, seguindo posteriormente para áreas de conflito.
A primeira viagem ocorreu em junho de 2023, quando permaneceu seis meses na Europa antes de retornar ao Brasil. Depois, entre junho de 2024 e junho de 2025, ficou um ano em solo europeu.
Segundo a investigação, a terceira ida de Marques Pinto à Ucrânia foi em 9 de setembro deste ano. Até o momento, ele não retornou ao país. Os investigadores tiveram acesso a fotos e vídeos do suspeito portando armas, vestido com uniforme de combate e atuando em zonas de conflito.
Um inquérito foi instaurado pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) para apurar o caso. Marques Pinto já possui antecedentes por tráfico de drogas e deverá responder também por apologia ao tráfico e associação para o tráfico.
Escalada bélica do crime
Imagens de casas em chamas após ataques com drones no Rio de Janeiro, durante megaoperação policial que resultou em 121 mortes na semana passada, evidenciaram a escalada bélica do crime organizado no país. Facções criminosas adotam tecnologia cada vez mais avançada tanto para a logística do tráfico de drogas quanto para atacar rivais e forças policiais.
Em resposta à ofensiva policial, o CV utilizou drones adaptados para lançar explosivos, repetindo táticas vistas em conflitos como o da Ucrânia e da Faixa de Gaza. Segundo especialistas em segurança pública, o uso desses recursos revela um novo patamar de sofisticação das facções.
Além dos drones, o arsenal dos criminosos inclui armamentos pesados — com autoridades descobrindo até fábricas clandestinas de fuzis, utilizando matéria-prima importada —, câmeras termográficas para monitoramento de alvos e bloqueadores de GPS.
Integrantes do CV também passaram a esconder explosivos em barricadas. Os dispositivos, conhecidos como 'cones-granada', funcionam como minas terrestres e detonam ao menor movimento.
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