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Integrante do Comando Vermelho investigado após 'intercâmbio' para aprender táticas de guerra na Ucrânia

Polícia Civil do Rio de Janeiro apura viagens de traficante à Europa para treinamento em técnicas de combate, com uso de drones e armamentos pesados inspirados em zonas de conflito

05/11/2025
Integrante do Comando Vermelho investigado após 'intercâmbio' para aprender táticas de guerra na Ucrânia
Foto: © telegram SputnikBrasil / Acessar o banco de imagens

Um integrante do Comando Vermelho (CV) está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por realizar um 'intercâmbio' na Ucrânia, país em guerra com a Rússia desde 2022, para aprender técnicas de combate militar.

O paradeiro de Philippe Marques Pinto, de 29 anos, permanece incerto. Segundo a Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Polícia Civil, as táticas adquiridas por ele, consideradas de natureza terrorista, poderiam ser empregadas contra forças de segurança brasileiras. A defesa de Philippe não foi localizada pelo Estadão.

De acordo com a polícia, Marques Pinto tem ligação com o traficante Antonio Hilário Ferreira, o Rabicó, uma das principais lideranças do CV e chefe do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ).

As investigações apontam que o integrante do CV viajou ao menos três vezes para a Europa desde o início do conflito na Ucrânia. Em todas as ocasiões, embarcou do Aeroporto do Galeão, no Rio, com destino a Lisboa, Portugal, seguindo posteriormente para áreas de conflito.

A primeira viagem ocorreu em junho de 2023, quando permaneceu seis meses na Europa antes de retornar ao Brasil. Depois, entre junho de 2024 e junho de 2025, ficou um ano em solo europeu.

Segundo a investigação, a terceira ida de Marques Pinto à Ucrânia foi em 9 de setembro deste ano. Até o momento, ele não retornou ao país. Os investigadores tiveram acesso a fotos e vídeos do suspeito portando armas, vestido com uniforme de combate e atuando em zonas de conflito.

Um inquérito foi instaurado pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) para apurar o caso. Marques Pinto já possui antecedentes por tráfico de drogas e deverá responder também por apologia ao tráfico e associação para o tráfico.

Escalada bélica do crime

Imagens de casas em chamas após ataques com drones no Rio de Janeiro, durante megaoperação policial que resultou em 121 mortes na semana passada, evidenciaram a escalada bélica do crime organizado no país. Facções criminosas adotam tecnologia cada vez mais avançada tanto para a logística do tráfico de drogas quanto para atacar rivais e forças policiais.

Em resposta à ofensiva policial, o CV utilizou drones adaptados para lançar explosivos, repetindo táticas vistas em conflitos como o da Ucrânia e da Faixa de Gaza. Segundo especialistas em segurança pública, o uso desses recursos revela um novo patamar de sofisticação das facções.

Além dos drones, o arsenal dos criminosos inclui armamentos pesados — com autoridades descobrindo até fábricas clandestinas de fuzis, utilizando matéria-prima importada —, câmeras termográficas para monitoramento de alvos e bloqueadores de GPS.

Integrantes do CV também passaram a esconder explosivos em barricadas. Os dispositivos, conhecidos como 'cones-granada', funcionam como minas terrestres e detonam ao menor movimento.