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Lula prepara gesto de apoio à Venezuela em meio à escalada de tensão com os EUA, confirma Itamaraty

Presidente brasileiro deve manifestar solidariedade a Caracas durante cúpula Celac–UE, na Colômbia, enquanto ONU alerta para ataques norte-americanos na região

Sputinik Brasil 05/11/2025
Lula prepara gesto de apoio à Venezuela em meio à escalada de tensão com os EUA, confirma Itamaraty
Foto: © Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara um gesto de solidariedade à Venezuela diante das recentes ameaças do governo dos Estados Unidos. A manifestação deve ocorrer durante o encontro entre países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), previsto para o próximo fim de semana, na Colômbia.

A confirmação foi feita nesta quarta-feira (5) pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante coletiva em Belém, onde Lula recebe líderes estrangeiros antes da COP30. Segundo o chanceler, o gesto reflete a tradição da diplomacia brasileira em defesa da paz e da cooperação no continente.

"É uma solidariedade regional à Venezuela. O presidente tem reiterado que a América Latina, e especialmente a América do Sul, deve ser um território de paz, sem conflitos nem intervenções", afirmou Vieira.

A crescente tensão entre Washington e Caracas deve ser um dos principais temas da cúpula Celac–UE. O encontro ocorre em meio ao aumento da presença militar norte-americana no Caribe, sob o argumento de operações contra o narcotráfico.

Em entrevista a agências internacionais na véspera, Lula antecipou que pretende abordar o tema com outros líderes, mencionando sua recente conversa com Donald Trump sobre a situação regional.

"Disse ao presidente Trump que a América Latina é uma zona de paz. Nunca tivemos proliferação de armas nucleares e, no caso do Brasil, a Constituição proíbe isso", declarou o presidente.

ONU alerta sobre ataques dos EUA

Nas últimas semanas, os Estados Unidos intensificaram ataques a embarcações suspeitas na região, ampliando o atrito com Caracas. O governo Trump argumenta que as ações fazem parte do combate ao narcotráfico, mas autoridades venezuelanas acusam Washington de usar o pretexto para desestabilizar o governo de Nicolás Maduro.

Maduro, por sua vez, denuncia uma "campanha de agressão fabricada" pelos Estados Unidos, alegando envolvimento direto da CIA e afirmando que o país "está sendo alvo de uma nova tentativa de guerra".

Os repetidos ataques também levantam sérias preocupações sobre possíveis crimes internacionais, segundo especialistas da ONU em comunicado do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

A ONU já apontou que as ações norte-americanas representam massacres ilegais cometidos por ordem de governo, sem investigação judicial ou legal que assegure o devido processo.

"A natureza repetida e sistemática desses ataques levanta sérias preocupações sobre possíveis crimes internacionais", afirmaram os especialistas.

Os especialistas destacam ainda que os ataques são cometidos contra pequenas embarcações, sem tentativas evidentes de prender indivíduos ou apresentar provas concretas que justifiquem a legitimidade dos alvos.