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Trump enfrenta a mais longa paralisação do governo na história dos EUA

Impasse entre democratas e republicanos sobre orçamento e saúde pública provoca shutdown recorde, afetando milhões de americanos e setores estratégicos da economia

Sputnik Brasil 05/11/2025
Trump enfrenta a mais longa paralisação do governo na história dos EUA
Foto: © AP Photo / Susan Walsh

A paralisação do governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, tornou-se a mais longa da história do país. Na última semana, o Senado norte-americano fracassou pela 14ª vez em aprovar um projeto de financiamento temporário, ampliando o impasse no Congresso.

O novo ano fiscal teve início em 1º de outubro, mas a falta de acordo sobre o orçamento federal resultou na suspensão parcial das atividades do governo. Esse tipo de shutdown implica a interrupção de serviços públicos essenciais, financiados diretamente pelo Legislativo, até que um novo orçamento seja aprovado.

O recorde anterior de shutdown mais longo durou 35 dias, de 22 de dezembro de 2018 a 25 de janeiro de 2019, também durante o primeiro mandato de Trump.

O principal entrave entre democratas e republicanos gira em torno do financiamento do sistema de saúde instituído pela legislação aprovada no governo Barack Obama. Os democratas exigem a manutenção dos benefícios como condição para reabrir o governo, alegando que a suspensão aumentaria os custos médicos para milhões de cidadãos.

Já os republicanos defendem que o tema da saúde deve ser debatido separadamente e condicionam qualquer negociação à retomada imediata das atividades governamentais.

O analista político norte-americano Keith Preston, em declaração à Sputnik, avaliou que a busca por culpados é uma encenação política: "Metade da população culpa o presidente, a outra metade culpa o Congresso. O establishment mantém a ilusão de legitimidade, transformando os cidadãos em espectadores de uma disfunção partidária".

Trump afirmou que pretende aproveitar o período de paralisação para promover cortes em massa no funcionalismo público e eliminar programas considerados impopulares entre republicanos. O presidente também responsabilizou os democratas pela ausência de acordo orçamentário.

Consequências econômicas da paralisação

Segundo pesquisa da YouGov/CBS, quase 90% dos norte-americanos demonstram preocupação com os efeitos do shutdown. Empresas que dependem de contratos federais já relatam queda nas receitas.

Nos aeroportos, a escassez de controladores de tráfego aéreo tem causado atrasos nos voos. O secretário de Transportes, Sean Duffy, alertou para o risco de colapso no sistema aéreo caso a paralisação persista durante o aumento de viagens em novembro.

O setor de turismo também sente os impactos, com parques nacionais e museus fechados, além da redução de voos, o que afeta reservas em hotéis e cassinos. Centenas de empresas do setor pediram ao Congresso uma solução imediata para o impasse.

A paralisação ainda prejudica 42 milhões de norte-americanos que dependem de cupons de alimentação. O governo informou que só poderá garantir metade do orçamento do programa em novembro, e os fundos de emergência devem se esgotar até o fim do mês.

O analista Keith Preston concluiu: "O verdadeiro problema não é o transtorno momentâneo, mas a crença de que os cidadãos precisam sofrer sempre que o governo central interrompe seu movimento administrativo infinito".