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Sem presença dos EUA, ministro cobra mais ambição global na COP30
Paulo Teixeira destaca necessidade de compromisso efetivo das grandes economias na descarbonização e apresenta propostas brasileiras para reflorestamento e segurança alimentar.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou nesta terça-feira (4) que o principal desafio do Brasil na COP30 será pressionar os países que mais emitem carbono, inclusive os Estados Unidos, que não confirmaram presença no evento.
“O que nós precisamos é aumentar a pressão para que todos avancem nas suas políticas de descarbonização, porque esse é o primeiro grande desafio da COP30”, declarou o ministro durante o Fórum Brasil-África: Alianças Globais para Agricultura Sustentável e Segurança Alimentar, realizado em São Paulo (SP).
A declaração de Teixeira ocorre após agências internacionais confirmarem que os EUA não enviarão representantes de alto nível à COP30, marcada para a próxima semana em Belém (PA).
O ministro defendeu que, mesmo ausentes, as grandes economias devem assumir compromissos concretos para reduzir suas emissões. Teixeira enfatizou que não basta firmar metas ou discursos: “Os países precisam pôr dinheiro” e investir em adaptação às mudanças climáticas.
“O Brasil está assumindo compromissos muito maiores do que ele assumiu”, ressaltou, destacando que o país vem cumprindo metas mais ambiciosas do que o previsto e espera o mesmo dos demais.
Ele antecipou que o Brasil apresentará em Belém um programa robusto de reflorestamento, com espécies nativas coordenadas pelo Ministério do Meio Ambiente e espécies produtivas em áreas degradadas de assentamentos rurais.
O ministro acrescentou que o país pretende desafiar a comunidade internacional a vincular as políticas climáticas à soberania alimentar. “Nós temos que desafiar o mundo a fazer as mudanças climáticas e garantir a alimentação para todos.”
No mesmo evento, o ex-ministro José Graziano da Silva, idealizador do Fome Zero e ex-diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), afirmou que “sair do Mapa da Fome é uma obrigação”, mas que o desafio agora é localizar as famílias que ainda passam fome, sobretudo na Amazônia e no Nordeste.
Segundo Graziano, o Brasil chega à COP30 “com uma proposta muito importante de reflorestamento e mostrando uma redução no desmatamento na Amazônia e no Cerrado”.
Ele lembrou que o Cerrado, “mais importante do ponto de vista da produção de alimentos”, vinha sendo esquecido, e defendeu que a preservação desses biomas deve caminhar junto com o combate à fome e a promoção da agricultura sustentável.
O ex-ministro, que comandou a FAO entre 2012 e 2019, afirmou que a conferência em Belém precisa marcar uma inflexão na agenda global. Para ele, o encontro deve ser um “ponto de mudança nessa curva de destruição do planeta”.
“Faltam cinco anos, menos de cinco anos para 2030. A COP é uma grande oportunidade para reafirmar esse compromisso e acelerar o processo”, disse.
Graziano também alertou para a crise de má alimentação no país. “O Brasil tem um problema além da fome de comer mal. Não é só não comer, é comer mal”, afirmou, apontando o consumo de ultraprocessados e o aumento da obesidade infantil como sinais de alerta. “Uma criança obesa vai carregar esse fardo, literalmente, pelo resto da vida, comprometendo seu desenvolvimento motor e intelectual.”
Por Sputnik Brasil
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