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Dólar sobe e se aproxima de R$ 5,40 com aversão ao risco no exterior
Moeda americana fecha em alta diante de incertezas sobre juros nos EUA e cenário global de maior cautela. Real tem desempenho melhor do que outros pares emergentes.
O dólar registrou forte alta nesta terça-feira (4), acompanhando o movimento da moeda americana nos mercados internacionais. Investidores demonstraram aversão ao risco diante das incertezas sobre a extensão do afrouxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed) e temores de uma correção mais acentuada nas bolsas de Nova York. O real, que costuma ser mais penalizado em dias de perdas de moedas emergentes, caiu menos do que seus principais pares, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
A expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa Selic em 15% ao ano nesta quarta-feira (5), acompanhada de um comunicado mais rígido, desautorizando apostas em cortes de juros ainda em 2024, tende a suavizar as pressões sobre o real vindas tanto do cenário externo quanto do aumento sazonal de remessas ao exterior.
Com máxima de R$ 5,4017 à tarde, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,77%, cotado a R$ 5,3989 — maior valor de fechamento em dez dias. Após avançar 1,08% em setembro, a moeda já acumula alta de 0,35% nos dois primeiros pregões de outubro. No acumulado do ano, contudo, o real lidera os ganhos entre as moedas latino-americanas, com valorização de 12,64%.
“Estamos vendo hoje um movimento global. Todas as moedas estão se desvalorizando frente ao dólar, com investidores buscando ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro americano”, avalia João Soares, sócio-fundador da Rio Negro Investimentos. “Essa busca por proteção ocorre justamente no momento em que se discute a magnitude e a velocidade dos cortes de juros nos EUA daqui para frente, após dois cortes seguidos de 25 pontos-base.”
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, superou a marca dos 100.000 pontos pela primeira vez desde o início de agosto. A libra esterlina atingiu o menor patamar desde abril, pressionada por preocupações fiscais no Reino Unido. A exceção foi o iene, que subiu cerca de 0,30% em relação ao dólar. Petróleo e commodities metálicas também registraram queda.
Nos últimos dias, dirigentes do Fed expressaram opiniões divergentes quanto à possibilidade de novo corte de juros ainda este ano, refletindo as diferenças dentro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do banco central americano. Na última quarta-feira, em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, ressaltou que não há garantia de redução dos juros em dezembro.
A paralisação parcial (shutdown) do governo dos EUA, que já ultrapassa 30 dias, contribui para o cenário de incerteza ao limitar a divulgação de dados econômicos e aumentar a percepção de risco. Pela manhã, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que os efeitos do shutdown na economia já começam a ser sentidos.
“O mercado reflete as dúvidas sobre os próximos passos do Fed, já que o tom de Powell na semana passada foi bastante duro. Agora existe a possibilidade de o Fed pausar o processo de cortes de juros, o que reduz a atratividade dos ativos de risco e fortalece o dólar”, explica Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.
Mesmo sem novo corte de juros pelo banco central americano neste ano, a expectativa é de manutenção de um amplo diferencial entre os juros internos e externos, com projeção de que o Copom só inicie um ciclo de afrouxamento monetário em 2026, apesar da desaceleração da inflação e da melhora das expectativas. Entre 65 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, 29 apostam em corte de juros apenas em janeiro.
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