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Temas de interesse social pautam lançamentos da Edufal na Bienal 2025

Livros lançados no sábado (1º) tratam das mais diversas temáticas

03/11/2025
Temas de interesse social pautam lançamentos da Edufal na Bienal 2025

Pensar o mundo sob a perspectiva acadêmica, transformar análises em livros e levar à sociedade conhecimento que instigue o debate e promova transformação. Foi com esse propósito que os lançamentos da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), na noite do sábado (1º), colocaram em evidência temas de forte relevância social na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.

No estande da Edufal, Cícero Pereira apresentou Sementes da resistência: território e afirmativas da identidade Jirinpakó, obra que dá voz a 4.235 Jirinpakós — povo indígena do Sertão de Alagoas ainda invisibilizado pelas políticas públicas: “Trago um pouco das lutas territoriais do meu povo e dos povos indígenas do Nordeste, da cultura, da memória e da tradição, com seus principais pontos de resistência. É uma oportunidade de conhecer nossa realidade e compreender como essas afirmativas sustentam nossas identidades e enfrentamentos aos preconceitos raciais, étnicos e culturais”, explicou o autor.

A pesquisadora Cíntia Ribeiro lançou Matrizes de sentidos coloniais: um estudo interseccional sobre a racialização da desinformação no Brasil, no qual investiga como raça, classe e gênero impactam a forma como determinados corpos são representados e silenciados nos discursos públicos. “A gente precisa ressignificar e dar nome às coisas. Nossos corpos são desinformados social, histórica e culturalmente. Na perspectiva da linguagem, isso é algo muito violento”, destacou.

A questão da violência infantil também foi abordada na obra Brincar e proteger: prevenção à violência contra crianças, de Ana Caroline Silva e Paula Orchiucci. A proposta é discutir o tema a partir da ludicidade, envolvendo as próprias crianças nas ações de conscientização: “Enquanto houver violência contra crianças, precisarão existir pesquisas que investiguem e busquem formas de prevenção. Por isso pensamos em uma abordagem que as envolvesse, que as informasse e fizesse com que elas também fossem capazes de se proteger”, explicou Ana Caroline.

Já João Paulo Vasconcelos, servidor público e pesquisador, apresentou Nada para nós, sem nós!: pessoas em situação de rua e a luta por direitos em Maceió-AL. A obra, adaptada de sua dissertação de mestrado, traz uma análise sociológica e jurídica sobre a realidade da população em situação de rua na capital alagoana.

“O livro parte da realidade dessas pessoas para discutir categorias sociojurídicas e refletir sobre políticas públicas. A ideia é que sirva de base teórica para novos estudos e para o aprimoramento das ações voltadas a esse público”, destacou. Segundo o autor, as políticas públicas precisam ir além do assistencialismo. “O acolhimento deve ser temporário, mas acaba se tornando permanente. É necessário investir em políticas estruturantes — de moradia, trabalho e renda — para garantir uma transformação real”, defendeu João Paulo.