O Banco Central divulgou nesta terça-feira a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), detalhando a decisão de manter a taxa Selic em 15% ao ano pela quarta vez consecutiva. O documento aprofunda a análise sobre o cenário econômico, mas mantém a estratégia de não antecipar os próximos passos na condução dos juros.

Segundo o Boletim Focus, a maioria dos analistas espera que a primeira redução da Selic ocorra na segunda reunião do ano, em março, para 14,50%. No entanto, uma parcela relevante do mercado ainda aposta em corte já em janeiro.

No comunicado da semana passada, o Banco Central adotou tom cauteloso, mesmo reconhecendo avanços em inflação e atividade econômica. A projeção para a inflação no horizonte relevante — atualmente o segundo trimestre de 2027 — foi reduzida de 3,3% para 3,2%, considerando início da queda da Selic em março e encerramento do próximo ano em 12,25%.

“O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, destacou o BC no comunicado.

O colegiado observou que o crescimento econômico desacelerou nos últimos meses, mas o mercado de trabalho permanece resiliente. Sobre o IPCA, índice oficial de inflação, o Copom apontou algum arrefecimento, embora ainda acima da meta.

No terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,1%, enquanto a taxa de desemprego atingiu novo mínimo, chegando a 5,4% nos três meses encerrados em outubro. O IPCA retornou ao intervalo da meta após mais de um ano, fechando em 4,46%. A banda da meta varia de 1,5% a 4,5%.

A projeção para o IPCA no terceiro trimestre de 2027, que será divulgada na próxima quinta-feira no Relatório de Política Monetária (RPM), será o principal dado para calibrar as expectativas sobre o início da queda da Selic. Caso a estimativa fique próxima de 3,0%, o corte de juros pode acontecer já em janeiro. No último RPM, a projeção era de 3,3%.