Finanças

Caixa tenta reduzir tempo de negociação para acelerar empréstimo dos Correios

Aceleração da liberação do crédito ganhou força depois do governo ter descartado aporte em 2025

Agência O Globo - 10/12/2025
Caixa tenta reduzir tempo de negociação para acelerar empréstimo dos Correios
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A Caixa Econômica Federal está tentando reduzir o tempo das negociações com um grupo de bancos para liberar o empréstimo para os Correios. Acionada pelo governo federal, a aceleração dos trâmites é para o crédito ser aprovado ainda este ano, especialmente depois da equipe econômica ter descartado um aporte na estatal.

Salário mínimo será de R$ 1.621 em 2026.

Após suspensão da regra:

Segundo interlocutores, a direção dos Correios foi avisada na tarde desta terça-feira de que não daria tempo de cumprir todas as etapas burocráticas para liberar os recursos do caixa do Tesouro Nacional ainda em 2025. A informação foi revelada pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo EXTRA.

Ao mesmo tempo, a estatal está mais confiante no andamento da nova rodada de negociação com os bancos. Além da entrada da Caixa nas negociações, a empresa colhendo sinalizações positivas do contato com outras instituições financeiras. Integrantes do banco público antecipam, porém, que o valor deverá ficar entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, abaixo dos R$ 20 bilhões solicitados pela empresa.

Na última rodada de negociações, o grupo de bancos (Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil, Banco do Brasil e Safra) propuseram juros equivalentes a 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), taxa de referência nos empréstimos diários entre bancos. A proposta foi recusada pelo Tesouro, justamente por superar o padrão normalmente observado de 120% do CDI para operações com aval da União.

A direção dos Correios tem pressa, diante dos compromissos a vencer, como o pagamento da segunda parcela do 13º e a folha de dezembro no dia 30. Há ainda dívidas atrasadas com fornecedores, bancos e decisões judiciais.

Um dos principais pontos que dificultam a liberação do crédito é a dúvida sobre a capacidade da empresa em executar o plano de reestruturação, focado em corte de gastos com pessoal e em medidas para que a estatal volte a ter lucro, disse um integrante do Executivo envolvido nas discussões.

Por isso, liberar apenas parte do que solicitou a empresa também é visto como uma forma de garantir a continuidade do plano de reestruturação, que prevê 15 mil cortes de funcionários entre 2026 e 2027 por meio de um programa de demissão voluntária (PDV) e o fechamento de mil unidades, além da parcerias com o setor privado para ampliar o leque de serviços e gerar receitas.

Mudanças em decreto

A expectativa é de que o plano de reestruturação seja enviado às instâncias competentes da União até o fim desta semana. O desenho já está concluído, mas agora a empresa busca incluir a previsão do empréstimo, conforme determinado em decreto publicado nesta terça-feira.

O texto altera um decreto de junho e amplia as opções de soluções para as não dependentes em crise. Agora, é permitido que uma empresa que identifique a possibilidade de aportes futuros para pagamento de despesas correntes, como com pessoal, "poderá apresentar proposta de plano de reequilíbrio econômico-financeiro". Antes, esse plano só poderia ser apresentado após o recebimento de aportes pontuais.

A nova legislação também determina que, caso a empresa tenha planos de captar dinheiro via crédito com garantia na União, tem de colocar a previsão no plano de reequilíbrio econômico financeiro, com informações sobre a compatibilidade dos fluxos de caixa futuros com o respectivo serviço da dívida a ser contratada.

Garantia da Fazenda

Mais cedo, nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo trabalha para oferecer garantias do Tesouro Nacional a um empréstimo para os Correios. Segundo o ministro, a liberação do aval está condicionada à apresentação de um plano robusto de reestruturação por parte da empresa.

— O que a gente quer é um aval do Tesouro mediante um plano de restruturação sério. Não queremos ter de novo uma surpresa, e a companhia está apresentando um plano de trabalho de pagar o empréstimo — disse.

Haddad também disse que o aporte é uma alternativa secundária, até porque as conversas com os bancos estão evoluindo.

— Nós temos dois caminhos. Um caminho é o aporte que pode se tornar necessário, se nós não chegamos a um acordo com o pool de bancos que vão financiar a reestruturação da companhia. Temos margem nesse ano e poderíamos fazer (aporte). Não é o que está no radar nesse momento, uma vez que tem havido conversas que avançaram — disse o ministro. — Não vamos ficar com a faca no pescoço por conta de uma incompreensão de uma instituição financeira.