Finanças

Ministro francês pede sanções da UE contra a Shein

Venda de bonecas sexuais com aparência infantil abre crise para a gigante chinesa de e-commerce na França

Agência O Globo - 06/11/2025
Ministro francês pede sanções da UE contra a Shein
- Foto: Reprodução/internet

O ministro das Relações Exteriores da , Jean-Noël Barrot, solicitou, nesta quinta-feira, que a aplique sanções à plataforma de comércio on-line por infringir “de maneira evidente” as normas do bloco. O pedido do chanceler foi feito depois de o , amplamente criticada pela venda on-line de bonecas sexuais com aparência infantil.

Entenda:

‘AI commerce’:

Barrot comemorou a medida do Executivo, mas afirmou que deseja “ir mais longe” e pediu ações da União Europeia contra a empresa, fundada na China e atualmente sediada em Cingapura.

— A Comissão iniciou algumas investigações, agora deve acompanhá-las com sanções contra a plataforma — declarou ele à Rádio France Info.

A Shein, que , é acompanhadas de mensagens sexuais.

As , concentram-se na “divulgação de mensagens violentas, pornográficas ou contrárias à dignidade, acessíveis a menores de idade”.

Da propaganda nas redes sociais aos meios de pagamento:

A União Europeia também está de olho nas atividades da Shein devido aos riscos associados a produtos ilegais, o que inclui a venda de armas brancas.

Barrot lamentou, porém, que as regras europeias sobre serviços e conteúdos digitais “não estejam sendo respeitadas” e, por isso, pediu “medidas drásticas” à Comissão Europeia, o órgão executivo da UE.

Segundo ele, a União Europeia “permitiu que grandes plataformas prosperassem, cujas regras são definidas por bilionários chineses e americanos, e que perturbam a vida econômica, social e democrática da nação”.

Danos aos jovens:

Na decisão de quarta-feira, as autoridades francesas deram 48 horas à Shein para retirar os produtos “proibidos”, antes que o governo exija a suspensão do site. A empresa afirmou ter tomado conhecimento da decisão e reiterou que suas “prioridades absolutas” são a “segurança” dos clientes e a “integridade” de seu “marketplace”, onde vendedores terceiros podem oferecer produtos on-line.

A Shein também expressou o desejo de dialogar rapidamente com as autoridades francesas para responder às suas preocupações e anunciou ainda depois que a França ameaçou banir a empresa do mercado nacional.

A França já aplicou neste ano três multas à Shein, totalizando € 191 milhões (US$ 219 milhões), por descumprimento da legislação sobre “cookies”, promoções falsas, informações enganosas e por não declarar o uso de microfibras plásticas.

Em meio à polêmica, expectativa de lucro

Em meio à polêmica, a Shein informou a investidores que espera um lucro líquido robusto de US$ 2 bilhões este ano, após margens de lucro mais altas, obtidas por meio de aumentos de preços e cortes de custos, ajudarem a compensar a queda no tráfego on-line causada pelas tarifas punitivas impostas pelo presidente .

Às vésperas da Black Friday:

De acordo com reportagem da Bloomberg, a gigante do comércio eletrônico, sediada em Cingapura, também projeta um crescimento de vendas na casa dos dois dígitos médios, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que pediram anonimato, já que as metas são privadas.

A projeção de US$ 2 bilhões de lucro líquido para este ano sugere que o ganho pode quase dobrar em relação aos US$ 1,1 bilhão registrados em 2024. O resultado se apoia em um forte primeiro trimestre, quando o lucro líquido ultrapassou US$ 400 milhões e a receita chegou a quase US$ 10 bilhões, à medida que consumidores dos EUA correram para comprar seus produtos antes que Trump eliminasse a isenção fiscal “de minimis” para pequenos pacotes.

A previsão otimista para o ano inteiro — divulgada no fim de agosto — vem enquanto a Shein tenta manter a confiança dos investidores antes de uma oferta pública inicial (IPO) há muito adiada, que ainda está envolta em incertezas. A projeção é surpreendentemente positiva, considerando que se esperava que o negócio fosse afetado pelo fim da brecha “de minimis”. Não está claro se fatores pontuais contribuíram para o resultado.

Entenda:

No entanto, parece que os aumentos de preços permitiram que a empresa transferisse o peso das tarifas aos consumidores, protegendo sua margem de lucro. A redução nos gastos agressivos com publicidade — uma estratégia viabilizada pela cautela da rival Temu no mercado americano durante boa parte do verão nos hemisfério norte— também aumentou as margens, disse uma das fontes.

Ainda assim, a empresa enfrenta fortes ventos contrários em sua tentativa de abrir capital, já que vários outros países também planejam seguir o exemplo dos EUA e eliminar as isenções de tarifas para pequenos pacotes.

Procurada pela Bloomberg, a Shein não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário.

Para novos investidores:

O IPO há muito esperado da Shein ainda precisa da aprovação de Pequim. Embora tenha sede em Cingapura, a varejista foi fundada na China e permanece sujeita à supervisão da Comissão Reguladora de Valores da China (CSRC), que exige que todas as empresas com vínculos substanciais com o país passem por uma revisão antes de listarem ações no exterior.

A empresa agora tenta abrir capital em Hong Kong, depois que tentativas anteriores de IPO em Nova York e Londres foram frustradas por escrutínio político e barreiras regulatórias.

Antes avaliada em US$ 100 bilhões, a Shein viu seu valor de mercado cair. Após uma rodada de captação de US$ 66 bilhões em 2023, a empresa agora está sob pressão para reduzir esse valor pela metade, informou a Bloomberg News em fevereiro. Entre os investidores da Shein estão a IDG Capital, a Mubadala Investment e a HSG, anteriormente conhecida como Sequoia Capital China.