Finanças

Lula defende exploração de petróleo na Foz do Amazonas e diz ser 'irresponsabilidade' negar uso do combustível

Presidente afirma que não haverá improviso da Petrobras na perfuração exploratória na Margem Equatorial

Agência O Globo - 04/11/2025
Lula defende exploração de petróleo na Foz do Amazonas e diz ser 'irresponsabilidade' negar uso do combustível
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: © telegram SputnikBrasil / Acessar o banco de imagens

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta terça-feira, a concessão da licença de operação pelo Ibama para que a Petrobras perfure um poço exploratório em águas profundas do Amapá, a 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas e a 175 quilômetros da costa, na Margem Equatorial brasileira. Segundo Lula, seria irresponsável afirmar que o Brasil deixará de explorar petróleo, já que o país ainda não possui alternativas suficientes para substituir o combustível fóssil.

“Eu não quero ser líder ambiental. Nunca reivindiquei. Quero fazer o que os especialistas e meu governo, as pessoas da minha confiança, dizem que tem que ser feito. Seria incoerente se eu, em um ato de irresponsabilidade, dissesse que não vamos mais usar petróleo. Porque não sobreviveríamos sem isso. E poucos países estão mais próximos do que nós de sobreviver sem isso”, declarou Lula.

A Petrobras busca, com a pesquisa exploratória, obter mais informações geológicas e avaliar se há petróleo e gás na área em escala econômica e em que concentração. Nesta fase, não há produção de petróleo.

Lula afirmou não ver contradição entre a realização da COP30, conferência da ONU sobre o clima, e o anúncio da licença pelo Ibama, que enfrenta ressalvas de ambientalistas, mas é defendida por aliados do governo, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

“Se eu fosse um líder falso e mentiroso, esperaria passar a COP30 para anunciar (a licença para os estudos na Margem Equatorial). Mas, se eu fizesse isso, estaria sendo pequeno diante da importância de realizar um teste na Margem Equatorial. Temos autorização para testar. Se encontrarmos o petróleo que se pensa que há, será preciso iniciar um novo processo para concessão da licença”, disse Lula a jornalistas.

A entrevista foi concedida a agências internacionais em Belém, cidade que sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima nas próximas semanas.

“Iremos fazer, se for necessário explorar, da forma mais cuidadosa possível. Não colocaremos em risco algo que acreditamos ser benéfico para a humanidade, como a região Amazônica. Agora, o Brasil é um país pobre. Se houver petróleo, é preciso saber como explorar e evitar qualquer risco”, ressaltou Lula.

O presidente voltou a destacar que a Petrobras “é a empresa mundial com maior competência em prospecção em águas profundas do mundo” e que “os cuidados já foram tomados” para evitar eventuais desastres ambientais na região.

“Não haverá improvisação. Não é porque precisamos (explorar petróleo) que vamos fazer as coisas de qualquer jeito, pois o prejuízo seria maior”, afirmou.

Lula também criticou discursos que defendem o fim imediato da exploração de petróleo no mundo.

“Há quem defenda que não devemos explorar petróleo em lugar nenhum. Está cheio de gente que fala isso. Mas isso sim é incoerente, se não se apresenta uma alternativa. Se acabarmos com o petróleo, vamos utilizar o quê? É preciso responsabilidade como chefe de Estado”, argumentou.

Lula afirmou ainda que o momento de realizar a prospecção na Margem Equatorial é agora, por conta da “oportunidade tecnológica”. “Não há muitas sondas disponíveis no mundo. Então, aproveitamos o momento e vamos testar para ver o que existe ali e, depois, definir como explorar com o cuidado que a Amazônia exige”, concluiu.